Padre Carlos dos Reis Baêta Braga foi o pároco de Viçosa a partir de 1957. Foi ele quem mais tempo permaneceu à frente da Paróquia: 42 anos. Dizia encontrar na convivência com seus paroquianos “uma porfia de mútua correspondência”. Em seu paroquiato foi criada, a 16/7/1994, a Paróquia de São Silvestre, cuja Igreja Matriz, no distrito de São Silvestre, fora construída como capela em 1963.
Brevemente substituído pelo Pe. Efrahim Solano Rocha, quando esteve em Roma cursando Sociologia Pastoral, Metodologia do Apostolado e Exercitação para o Clero, este ilustre lafaietense era poeta, tendo legado uma notável coleção de sonetos que certamente alguém, um dia, trará à lume. Citemos aqui, por exemplo, os belíssimos “Ano Novo”, musicado pelo maestro Expedito Gomes de Castro; “Esse mimoso cromo” e “O que é a vida?” Sócio-fundador da Academia de Letras de Viçosa, bacharelou-se em Direito e Letras e foram inúmeras as suas obras entre nós. Paladino de grandes causas, incentivou a instituição da Fundação Cultural Santa Rita, a construção de diversas capelas na periferia, do edifício do Centro Social, localizado ao lado do Santuário, e a Semana Santa ao Vivo, além da Casa de Retiro do Bom Jesus, em São José do Triunfo.
A exemplo de seu antecessor, Cônego Modesto, está sepultado no Santuário desde 19/5/2005, onde se inscreveu, com muita justiça, o seu epitáfio: “CAROLVS, PREACLARVS DEI MINISTER, HOC TEMPLVM MAGNA CVM PERITIA PERFECIT. Sacerdos Carlos dos Reis Baêta Braga – Parochus: 1957-1999 – * 6/1/1927 – + 6/5/1999” (Tradução: Carlos, preclaro Ministro de Deus, com grande perícia terminou este templo).
Nosso Vigário Paroquial e seu desvelado coadjutor, Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho lembrou, em bela sessão de homenagem póstuma na Câmara Municipal, várias facetas do rico perfil de Pe. Carlos, que, conforme ressaltou, costumava doar cobertores a aviar receitas para os pobres: “Gastava muitas horas com pessoas, confortando-as e medicando-as espiritualmente, detalhes que só Deus sabe lá nos seus registros eternos […] Muitos já não sabem que o ‘grupo da praça’, era antes o Ginásio Santa Rita, fundado por ele, e que mantinha 300 alunos pobres. Quando de seu falecimento, a Superintendência Regional de Ensino recolheu toda a documentação, por ser modelo de organização escolar.
Foi exímio professor, por 19 anos, nos seminário de Mariana. Pe. Carlos foi um dos pilares do Instituto de Ciências Humanas e Sociais de Mariana […] Como Jesus Cristo valorizou a amizade, Pe. Carlos era amigos dos paroquianos. Modelo do amigo pela sua sinceridade”. Realça que a tarefa de Pe. Carlos foi “difícil e complexa” com o acabamento do templo, porque “todos aqueles detalhes são ‘detalhes’ que hoje nós admiramos num conjunto, mas que diante do povo pouco aparecia, quer a pintura, quer outros detalhes significativos, e a gente se lembra perfeitamente o dia em que ele saiu aqui de Viçosa e chegou jubiloso lá em Mariana apresentando o croqui do altar de mármore da nossa padroeira, com aquelas três coroas […] ‘O zelo da Tua casa me consome’ poderia ele dizer. Em torno desse tripé: Semana Santa, Santa Rita, Nossa Senhora, ele organizou as pastorais”.
Realmente merece ser destacada a sua grande devoção à Padroeira da Cidade e do Município como uma característica pessoal marcante do saudoso Pe. Carlos, que fez, por esta causa, da festa de 22 de Maio, durante 42 anos, O MAIOR de todos os nossos eventos anuais.
Conheci o Pe . Carlos em 1974 em Tremembé São Paulo, depois nunca mais soube notícia dele, gostaria de saber alguma coisa dele no momento se possível.