O profeta Isaías anunciara: “Este povo, que jazia nas trevas, viu resplandecer uma grande luz; e surgiu uma aurora para os que jaziam na região sombria da morte (Is 9,1)”. São João explicaria: “[O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem” (Jo 1,9). Portanto deveria Jesus se manifestar a todos os povos, representados por aqueles homens vindos do Oriente. Eis aí a importância da solenidade da Epifania, que significa aparição ou manifestação divina. Notável também o aparecimento de uma estrela que foi vista pelos astrônomos da época, mas cujo significado foi bem captado pelos Reis Magos, que vieram até Jerusalém (Mt 2,1-2). Muitos contemplaram o astro, poucos perceberam o seu sentido profundo. A chegada dos Magos para adorar o Messias recém-nascido seria, portanto, o sinal da manifestação do Rei Universal a todas as nações, a todos os homens e mulheres de boa vontade, ou seja, a todos que buscam sinceramente a verdade. Admirável a coragem dos Magos que empreendem uma longa viagem guiada por aquela estrela e se prosternam diante de uma criancinha na qual reconhecem o Messias prometido por Deus, este Deus sempre fiel a suas promessas, fidelidade na qual se firma a esperança dos que têm a ventura de crer. O ser humano precisa sempre de energia fundamentada numa sólida certeza da misericórdia divina. Para bem penetrar nas outras mensagem do relato bíblico sobre os Magos cumpre, ainda, fixar a atenção nos personagens em tela. Os Magos são persas, provavelmente da Arábia, cultores da astronomia e da medicina. Sábios, estavam a par das profecias e agiam cientificamente não supersticiosamente. Não eram astrólogos, isto é, não estudavam erroneamente a influência dos astros, especialmente de signos, no destino e no comportamento dos homens; o que seria uma uranoscopia anticientífica. Eram astrônomos que se entregavam ao estudo da ciência que trata da constituição, da posição relativa e dos movimentos dos astros. O surgimento de um objeto celeste especial os levou a relacioná-lo a algum fato notável: um grande rei havia nascido entre os homens. Deixadas de lado suas comodidades, vão à procura deste personagem e são provados pela Providência divina que lhes oculta por certo tempo o brilho da estrela, motivo que os leva até Herodes, o Grande. Este era um rei perverso que usava a força e a violência para poder reinar. Havia entre os judeus a expectativa da próxima chegada do Libertador. Herodes apela para as autoridades religiosas que dão as pistas para se encontrar o Menino. É de se notar que a indagação dos Magos foi esta: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer”? (Mt 2,2) Isto colocou Herodes em sobressalto que falava no Messias e não num soberano que lhe podia tomar o trono. O conflito se instaurou no coração de Herodes que, depois, patrocinaria o grande infanticídio. Consultados os especialistas nas Escrituras eles mostraram que Belém seria o lugar do nascimento do Chefe que seria o pastor de Israel. Herodes se mostra interessado em ter notícias dele, mas para matá-lo, preocupado que estava com seu poder terrestre. Bem outras eram as intenções dos Magos: manifestar ao divino Infante sua mais efusiva homenagem, adorando-o, levando-lhes seus presentes. Instruídos, os Magos, eles se puseram a caminho e a estrela se lhes surge novamente. Deus nunca abandona os que nele confiam e correspondem a suas inspirações e sinceramente O buscam. O astro no firmamento e a grande alegria dos Magos são marcas da verdadeira experiência feita naquele momento. Encontram o Menino com Maria sua Mãe. Que bela lição para todo sempre e que São Bernardo resumiria numa frase candente: Ad Jesum per Mariam – A Jesus por meio de Maria. Significativos os dons: ouro ao Rei, incenso ao Deus que se encarnara, mirra, já simbolizando a redenção que viria do alto de uma Cruz. Gestos gloriosos dos Magos que exprimiam uma fé profunda na realeza daquele recém-nascido. Voltaram para sua terra por outro caminho para evitar Herodes, conforme nova inspiração que tiveram. Tal deve ser a atitude corajosa do cristão: fugir denodadamente de tudo que contradiz sua crença e a coloca em perigo, evitar todas as ocasiões de pecado. A liturgia convida a todos a imitar os Magos. Colocar-se na sua caravana e se impregnar de seu desejo de procurar sempre Jesus, obedecendo fielmente às inspirações do Espírito Santo, sabendo ler os sinais cotidianos destes recados celestiais.