Maria testemunha o valor de uma existência humilde e escondida. Normalmente todos exigem, e por vezes pretendem, poder valorizar inteiramente a própria pessoa e as próprias qualidades. Todos são sensíveis à estima e à honra. Os Evangelhos referem em várias ocasiões que os Apóstolos ambicionavam os primeiros lugares no reino. Discutiam entre si quem era o maior e Jesus lhes teve de dar, quanto a isto, lições sobre a necessidade da humildade e do serviço cf. Mt. 18, 1-5; 20,20-28; Mc. 9,33-37; 10, 35-45; Lc. 9,46-48; 22,24-27).
Maria, ao contrário, jamais desejou as honras e vantagens de uma posição privilegiada. Procurou sempre cumprir a vontade divina, levando uma existência segundo o plano salvífico do Pai. A quantos não raro sentem o peso duma existência aparentemente insignificante, Maria manifesta quanto pode ser preciosa a vida, se é vivida por amor de Cristo e dos irmãos. Maria é também testemunha do valor duma vida pura e repleta de ternura por todos os homens.
A beleza da sua alma, totalmente doada ao Senhor, é objeto de admiração para o povo cristão. Em Maria a comunidade viu sempre um ideal de mulher, cheia de amor e de ternura, porque viveu na pureza do coração e da carne. Perante o cinismo duma certa cultura contemporânea que, muitas vezes, parece não reconhecer o valor da castidade e banaliza a sexualidade, separando-a da dignidade da pessoa e do projeto de Deus, a Virgem Maria propõe o testemunho duma pureza que ilumina a consciência e conduz a um amor maior pelas criaturas e pelo Senhor Onipotente. Maria neste tempo pascal ao nos ministrar tantas belíssimas lições nos convida também a assumir uma atitude de compaixão pelos que sofrem. Foi o seu exemplo magnífico durante a Grande Semana. Por que ela se compadeceu da humanidade é que ela aceitou participar das dores de Jesus. Assim, a nossa compaixão para com os sofredores não pode ser prosaica, meramente afetiva, sentimental, mas cumpre que se traduza numa ajuda eficaz e concreta diante das misérias materiais e morais da humanidade.
A Igreja seguindo Maria é chamada a assumir uma atitude idêntica para com os pobres e todos os que padecem. A atenção materna da Mãe de Jesus às lágrimas, às dores e às dificuldades dos homens e das mulheres de todos os tempos, deve estimular os cristãos, de modo particular ao aproximar-se o terceiro milênio a multiplicar os sinais concretos e visíveis dum amor que faça aos humildes e aos sofredores de hoje participarem nas promessas e esperances do mundo novo e das alegrias da Páscoa. Não terminam, porém, aqui as lições de Maria. O afeto e a devoção dos homens para com a Mãe do Salvador ressuscitado ultrapassam os confins visíveis da Igreja e impelem os ânimos a sentimentos de reconciliação. Como uma mãe, Maria quer a união de todos os seus filhos. A sua presença na Igreja constitui um convite a conservar a unanimidade de coração, que reinava na primeira comunidade (cf. At 1,l4) e, por conseguinte, a procurar também as vias da unidade da paz entre todos os homens e todas as mulheres de boa vontade. Na sua intercessão junto do Filho, Maria pede a graça da unidade do gênero humano, em vista da construção da civilização do amor, superando as tendências à divisão, as tentações da vingança e do ódio, e a fascinação perversa da violência. Finalmente, poderíamos dizer que o tempo pascal lembra a todos Nossa Senhora do Sorriso. A iconografia mariana a apresenta nos momentos de satisfação com belo sorriso na face. Assim é pulquérrima imagem de Maria que está na suntuosa Catedral de Toledo na Espanha, mostrando-a feliz com o Menino Jesus nos braços e sorrindo. Maria quer nos transmitir este regozijo. Nós a invocamos como “causa de nossa alegria”. É que ela patenteia uma capacidade máxima de comunicar tal ledice mesmo no meio das provas da vida, e total poder de guiar quem a ela se confia para a alegria que não terá fim.