“Pequena é a casa da minha alma, Senhor, para que possais entrar: aumentai-a! É toda ruínas: reformai-a!” (Santo Agostinho). Se a nossa casa é pequena para uma simples visita de alguém, tanto menor ela se parece quando este alguém deseja vir morar na mesma. E, ainda, estando em ruínas, faz-se necessária uma reforma com urgência.
Talvez, a sua casa não precise ser aumentada para receber mais um morador. Pode ser que aquela sala de televisão, tão disputada por todos, possa ser transformada num quarto de hóspedes. Quem sabe aquele quartinho de bagunça, tão empoeirado e esquecido, não possa ser completamente esvaziado? Guardamos tantas coisas inúteis… E o porão? Ele, que é muitas vezes a base e sustentação de toda a edificação, é mantido de forma tão insalubre por tantos proprietários… Havendo uma arrumação, sem dúvidas, Aquele que deseja morar em nós não se incomodaria em se alojar ali. Apesar de ser Rei, Ele é muito simples… Talvez Seu desejo seja apenas uma cama ou um colchão para descansar…
Mas se a sua casa realmente precisar ser aumentada? Talvez você diga que, ultimamente, esteja sem condições financeiras para bancar uma reforma: não há dinheiro para materiais de construção nem para mão-de-obra, o que certamente inviabiliza qualquer obra; ou quem sabe você diga que não gosta de obras, devido aos transtornos como poeira, barulho, entulhos, etc. Todavia, Aquele que deseja morar em nossa casa garante para nós que a obra sairá gratuitamente, sem custo algum para o proprietário, visto que ela já foi paga há aproximadamente dois mil anos. Ele assegura também que toda a construção não acarretará qualquer barulho, visto que é sua especialidade trabalhar no mais absoluto silêncio, no escondimento, no segredo do nosso coração (cf. Mt 6,6). Quanto a sujeira e poeira causadas pela obra, Ele pode derramar uma Água Viva para lavar cada cômodo da casa. Portanto, Ele será o arquiteto, o engenheiro, o construtor, o mestre de obras, o pedreiro, o servente, o carpinteiro, o pintor, o responsável por cada fase da obra, inclusive pelos detalhes do acabamento.
Seu coração pode ter se desmoronado até aqui, se no seu caso, a necessidade não for simplesmente uma limpeza ou uma reforma e sim uma reconstrução total. Ainda assim, não há problemas, pois Aquele que deseja morar em seu coração ama-te com eterno amor (cf. Jr 31,3) e não vê empecilho algum numa obra de grande porte. “Ou imaginais que em vão diz a Escritura: Sois amados até o ciúme pelo espírito que habita em vós?” (Tg 4,5).
Terminada a limpeza, acabada a obra, talvez você ainda não consiga compreender os anseios do Ilustre Inquilino. É loucura demais para nós… Como pode o Criador dos céus, da terra, do mar… desejar morar em uma de suas humildes criaturas? Como pode um coração tão pobre se tornar tão rico? Como pode uma humilde casa de barro ser elevada à dignidade de santuário? Realmente, nunca entenderemos esses “caprichos e vicissitudes do Amor”, como nos diria Santa Teresinha do Menino Jesus, pois não somos dignos de que Ele entre em nossa morada. Todavia, com uma única palavra Sua, nós seremos, à medida da necessidade de cada um, curados, reformados, restaurados (cf. Lc 7, 6s). O que cabe a nós é tentar deixar a nossa casa sempre aberta, bem arejada, iluminada e ventilada, mantendo-a sempre limpa para o maior conforto e comodidade do Divino Morador e para recebermos todos aqueles que desejarem nos visitar e conhecer Aquele que mora em nós.