Àqueles que, após a multiplicação dos pães, procuraram Cristo em Cafarnaum receberam dele uma belíssima lição sobre a divina Eucaristia. Após mostrar que era o Pai quem dá o verdadeiro pão do céu Jesus falou claramente: “Eu sou o pão da vida” (Jo 6,35). Há aspectos do culto eucarístico que devem sempre ser refletidos. Existe, de fato, um liame profundo entre a Eucaristia e a Vida Eterna. Com efeito, depois, o Mestre divino acrescentou: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão viverá eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne pela vida do mundo” (Jo 6,51). Tais sublimes palavras devem ser correlacionadas com esta outra promessa: “E eu preparo para vós um Reino, como o Pai o preparou para mim, para que possais comer e beber à minha mesa no meu Reino, e vos sentareis no trono para julgar as doze tribos de Israel” (Lc 22,29-30). Deste modo, a participação eucarística é uma prefiguração, um antegozo e dom antecipado do futuro Reino de Cristo. Eis por que o cristão que se aproxima da Eucaristia já degusta nesta terra as delícias que o Pai preparou para os que lhe são fiéis (Rm 8,18). Como no céu todos estarão reunidos para glorificar perpetuamente o Ser Supremo, a Eucaristia congrega os fiéis em um mesmo lugar para antecipar, neste mundo, o que se dará por toda a eternidade. É a reunião em comum de que fala a Carta aos Coríntios (1 Cor 11,20). A Didaqué ou doutrina dos doze Apóstolos, catecismo cristão escrito entre 60 e 90 d.C. aborda este aspecto: “Como este pão partido estava espalhado sobre as colinas e, reunido, tornou-se uma coisa só, assim a tua Igreja seja reunida dos confins da terra no teu Reino”. São Paulo assim se expressara: “Porque há um só pão, um só corpo somos nós, embora muitos, visto participarmos todos do único pão” (1 Cor 10,17). Daí a importância de estarem os batizados reunidos na mesma Igreja, sobretudo aos Domingos, congregados diante da Eucaristia. Fortificados pelo Pão da Vida Eterna, podem todos então prosseguir na caminhada para a Casa do Pai. Robustecidos para vencer as tentações e as dificuldades desta passagem por esta terra, sabedores de que o ingresso para o banquete eterno se dará por uma porta estreita (Mt 7,14). Esta visão prospectiva é de vital necessidade. Com efeito, quantos se prendem às vaidades mundanas, se escravizam aos bens terrenos porque perdem o rumo do Paraíso, longe da dimensão escatológica da Eucaristia. Tudo isto comprova a necessidade de uma preparação aprimorada para se aproximar da mesa eucarística. A advertência do Apóstolo não pode nunca ser esquecida: “E por isto todo aquele que comer o pão e beber o cálice do Senhor indignamente, torna-se culpado para com o corpo e o sangue do Senhor. Examine, pois, cada qual a si mesmo e, assim coma deste pão e beba este cálice, pois quem come e bebe sem fazer distinção de tal corpo, come e bebe a própria condenação” (1 Cor 11,27-30). Nunca se pode comungar em estado de pecado mortal. Hoje, há infelizmente, uma corrente de falsos teólogos os quais dizem bastar o ato penitencial no início da Missa. Isto não é verdade. Há, sim, o arrependimento e a purificação das faltas veniais, dispondo o comungante para que faça uma fervorosa comunhão. Quem, porém, não está em estado de graça precisa primeiro passar pelo Sacramento da Penitência, fazendo uma ótima Confissão. Todo respeito é devido à Eucaristia, penhor da Vida Eterna!. Todas estas reflexões sobre o Pão da Vida devem também trazer à lembrança que é através do ministério sacerdotal que Cristo responde àquela prece que lhe dirigiram em Cafarnaum e que se deve sempre repetir: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”. Daí a necessidade de se orar, continuamente, para que numerosas sejam as vocações sacerdotais, dado que o padre é por excelência o guardião da Eucaristia, ele que faz, em cada Missa, Cristo presente nos altares, transubstanciando o pão e o vinho no Corpo, Sangue e Alma do Divino Redentor. Tal deve ser o ideal de toda família cristã: ter a honra, a felicidade, a graça de ter pelo menos um filho sacerdote para glória de Deus e bem das almas.