Relata São Marcos que Cristo “estava sentado no templo, diante do cofre das esmolas, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre” (Mc 12, 41). Deus que era Ele penetrava fundo nas intenções de cada um e, por isto, elogiou a atitude da pobre viúva que pouco ofereceu, mas era o que possuía e o fez de coração que era generoso. Bem entendida, no sentido bíblico, a esmola tem um valor imenso diante de Deus. Compreendida como donativo que se faz para o culto divino ou como uma ajuda oportuna aos necessitados. Nesse último caso cumpre não se deixe a luta pela promoção integral dos carentes, os quais sem aquele auxílio, socorro ou benefício estariam em situação realmente ainda mais complicada. Trata-se, portanto, ou da justiça para com Deus cujo louvor é amparado pelos fiéis ou de um ato de misericórdia para com o próximo. Para a Bíblia a esmola, gesto de bondade do homem para com seu irmão é, antes de tudo, uma imitação dos gestos de comiseração de Deus que, por primeiro deu provas de amor para com todos. Deste modo a esmola deixa de ser um ato de filantropia, mas tem um sentido profundamente religioso. Tanto isto é verdade que cria um liame entre o doador e o próprio Deus. Está no Evangelho de São Lucas: “Daí esmola e vossos pecados serão apagados” (Lc 11,41). É que a esmola equivale a um sacrifício oferecido ao Senhor Onipotente e diz o salmista que privando-se do próprio bem o ser humano cria para si um tesouro (Sl 29,12). Diz ainda Davi: “Feliz de quem pensa no pobre e no desamparado” (Sl 41, 2-4). Tobias aconselhou a seu Filho: “Jamais afastes o teu rosto dum pobre, e Deus não afastará o seu de ti […] Se tens muito, dá mais; se tens pouco, dá menos, mas não hesites em fazer a esmola […] Quando fazes esmola, não haja pesar nos teus olhos” (Tb 4,7-11.16 s). Cristo, no Sermão da Montanha, incentivou seus seguidores na mesma linha e fez da esmola, oração e jejum as três colunas da existência de seu seguidor (Mt 6,1-17). Alertou, porém, “quando deres esmola, na toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens” (Mt 6,2). Afiançou, porém, “teu Pai que vê o que é secreto, te recompensará” (Mt 6,4). Cumpre, pois, uma reta intenção e também total precaução para que a esmola seja bem direcionada. Para que isto aconteça nada melhor do que entregá-la aos Vicentinos que conhecem de perto as deficiências dos carentes e fazem um trabalho caritativo maravilhoso, ou a ajuda às Obras Sociais tão numerosas da Igreja Católica. É na fé em Cristo que a esmola ganha todo seu significado: “O que fizestes a um destes mais pequeninos foi a mim que o fizestes, afirmou o Mestre divino (Mt 25,31-46). Os apóstolos compreenderam isto perfeitamente e São João assim se expressa na sua primeira Carta: “Como pode permanecer o amor de Deus em que fecha suas entranhas diante do irmão necessitado”? (1 Jo 3,17). São Paulo, o grande missionário da caridade, asseverou: “Deus ama quem dá com alegria” (2 Cor 9,6 ss). Sob qualquer aspecto que se considere a esmola o valor dela é tão grande que é impossível aquilatar todo o mérito que tem diante de Deus. São João Crisóstomo deixou escrito: “ Daí um pedaço de pão ao vosso irmão pobre e recebereis o paraíso; daí um pouco e recebereis muito; daí bens terrenos e recebereis bens eternos”. Santo Ambrósio afirmou que a esmola é quase como um segundo batismo e um sacrifício de propiciação que atalha a cólera divina e faz atrair as graças celestes. Adite-se a tudo isto que a ação caritativa é uma vitória sobre o egoísmo, dado que inclui sempre uma privação, inspirada na misericórdia de Deus a bem do próximo em dificuldades. Pela esmola bem direcionada se torna crível a fé do cristão e testemunho que dela oferece ao mundo é a vivência da prática do amor pregado por Jesus. É beatificante o itinerário do amor da Trindade naquele que crê e deste até o seu irmão carente.