Vinde a Mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e Eu vos aliviarei

Os capítulos 13 e 14 do livro de Atos são um marco muito importante, pois é a partir deles que se retrata a difusão da Igreja Cristã no estrangeiro. A expressão de Jesus “até os confins da terra” deixa de ser para os discípulos uma utopia para tornar-se realidade.

Algo que chama a atenção no capítulo 13 é quando Barnabé, Paulo e João percorrem a ilha de Salamina até Pafos e encontram um judeu chamado Barjesus, um mago e falso profeta, que acompanhava o procônsul Sérgio Paulo, que era um homem sensato. Mediante a expressão da vontade do procônsul de ouvir a palavra de Deus, os apóstolos anunciam a ele; mas o Mago tentava desviar a fé de Sérgio Paulo. Mas Paulo, cheio do Espírito Santo, combate-o e ordena que, em nome de Jesus, ele fique cego. A vista disso, o procônsul converte-se. Isso mostra-nos o cuidado de Deus, que quando sabe que cultivamos o desejo de conhecê-lo, sempre cria meios para que isso aconteça. Além disso, há diversas situações em que vemos o inimigo armar ciladas para desviar as pessoas do caminho de Deus e somos omissos, mas Paulo nos dá o exemplo de denunciar o Inimigo e “combater o bom combate”. Falta-nos muitas vezes essa coragem e essa ousadia que ganha tantas almas pra Deus.

Após esse episódio, Paulo e Barnabé pregam em Antioquía da Pisídia, onde falam das promessas que Deus fez ao seu povo que já tinham se cumprido e reconhece-nos como o povo eleito de Deus – “A nós é que foi dirigida a mensagem de salvação!”, Atos 13,26b “Nós vos anunciamos: a promessa feita a nossos pais, Deus a tem cumprido diante de nós, seus filhos!” Atos, 13 32-33a

Ainda no capítulo 13, vemos algo muito importante: Diz-se que Paulo e Barnabé “com muitas palavras os exortavam a perseverar na graça de Deus”. É comum, que anunciemos a boa nova às pessoas e não continuemos acompanhando-as, algo que seria muito importante. É bonito ver, como os apóstolos acompanhavam as comunidades pelas quais passavam, algumas vezes permanecendo com elas durante anos, mandavam cartas de incentivo – é notório nas cartas de Paulo, Timóteo, Sóstenes, Silvano, como havia um acompanhamento dos problemas da comunidade, como ele os exortava continuamente a permanecerem unidos, em oração e caridosos. Aliás, não só a comunidades como a outros irmãos de fé, como Tito, Timóteo, Filêmon, Ápia e Arquipo. Algumas vezes falta de nossa parte continuarmos insistindo para que as pessoas que foram convertidas, perseverem.

No Capítulo 14 é ressaltada mais uma vez a coragem de Paulo e Barnabé, que falavam “com desassombro e confiança no Senhor” pregando o Evangelho a toda a criatura. Fica clara também a humildade e consciência que tinham de que Jesus Cristo é o Senhor e eles “simplesmente” homens, quando ao passar por um coxo que viam ter fé, Paulo pede que se levante e através de Paulo e da fé do coxo, o milagre é realizado. Em seguida a multidão fica eufórica e pensa que eles são deuses, e tentam oferecer-lhes sacrifícios. Mas os Apóstolos rasgam suas vestes e falam-lhes que são homens e não deuses, que Deus há um só: Jesus Cristo. Mesmo assim tem grandes dificuldades para conter a multidão. Mas aparecem alguns Judeus de Antioquia e de Icônio que persuadem a multidão, que acaba apedrejando Paulo e (imaginando que ele estava morto) arrasta-o para fora da cidade. Os discípulos rodeiam-o e ele levanta-se e entra na cidade, partindo com Barnabé, para Derbe, no dia seguinte.

Isso mostra-nos a grande diferença de quem seguiu Jesus ou das pessoas a quem ele foi anunciado. Existem a multidão e o discípulo. Tanto que à frente depois de pregar em Derbe, Lucas narra que eles ganharam muitos discípulos. Na bíblia é explícita a diferença entre essas pessoas e por isso há a necessidade de se usar os termos multidão e discípulo nela. A Multidão é volúvel e move-se por um interesse pessoal, procura milagres e sinais. Ela quer as graças de Deus e não Deus. Para a multidão Jesus, em sua infinita misericórdia, diz: “Vinde a Mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e Eu vos aliviarei” (Mateus 11,28). O discípulo é o que está ao lado de Paulo para levantá-lo, esse, é o que é chamado a receber a cruz. “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me!” (Marcos 8, 34b). E diz também que o aliviará de todo o peso, o fará amigo d’Ele e estará com ele todos os dias, até o fim do mundo. Muitos começam uma caminhada cristã, mas assim como com a multidão de Listra, quando chega o caminho da tribulação, da cruz e da perseguição fogem, “mudam de lado”. A multidão, que só pensa em suas vantagens, vai embora na hora do sofrimento. Mas a caminhada dos discípulos não é feita de circunstâncias, mas de amor, fé, esperança. Santa Terezinha diz: “A medida da capacidade de levar cruz grande ou pequena é a do amor”. A maior benção que Jesus quer dar é o convite de sair da multidão e se tornar um discípulo e amigo d’Ele.

Depois de pregar em Derbe, os discípulos voltam a Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia. Confirmando as almas dos discípulos e novamente exortando-os a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrar no Reino de Deus por meio de muitas tribulações. Após isso, atravessaram a Pisídia e chegaram a Panfília. Depois de ter anunciado a palavra do Senhor em Perge desceram a Atália, dali navegaram a Antioquia da Síria- de onde haviam partido. Onde reúnem a Igreja e partilham as maravilhas que Deus fez e a abertura da porta da fé aos gentios. Mostrando-nos também a importância da partilha, que cura, une e edifica.

Minha vocação é o amor! Desejo lutar por Ti, Senhor, pois um dia sem sacrifício nada vale. Desejo plantar sua cruz em solo infiel para que todos Lhe conheçam.

Santa Teresinha

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