— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, disse Jesus a seus apóstolos: 37“Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim.
38Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.
39Quem procura conservar a sua vida, vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la.
40Quem vos recebe, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.
41Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo.
42Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa”.
– Palavra da Salvação.
– Glória a vós, Senhor.
Em contato com o Evangelho desta semana lembrei-me do trecho de uma música, bastante conhecida por alguns e quis compartilhá-la. Na música lembrada cantamos: “Amar-te mais que a mim mesmo, amar-Te mais que tudo o que há aqui, amar-Te mais que aos mais queridos, amar-Te e dar a vida só por Ti”…
Mergulhados no desejo de amar mais a Deus que a todo o resto, iniciemos nossa reflexão atentos, inicialmente, ao alerta de Jesus sobre o apego às pessoas, como também à nossa própria vida, uma vez que este apego nos tornaria indignos d’Ele.
Considerando um dos significados da palavra apego, temos uma “dedicação constante e excessiva a (algo)” (HOUAISS, 2009). Quando estamos apegados às pessoas e/ou aos nossos próprios ideais, corremos o grande risco de viver em função do objeto de nosso apego, o que tende a nos escravizar, já que o passo não será dado de forma livre, mas sim condicionada ao que nos prende.
Neste sentido, referente ao apego às pessoas alguns exemplos poderiam, talvez, nos auxiliar como, “só vou àquele lugar se determinada pessoa for”; “não vou à missa porque meu (minha) namorado (a) não gosta de ir e eu não quero desagradá-lo”. Já o apego a nós mesmos ou, ainda, ao que acreditamos ser o melhor para nós poderia ser exemplificado por meio do medo de oferecermos a Deus a nossa vida, juntamente com nossos sonhos e a sua resposta ser diferente do que pretendemos para nós.
Importa compreender, porém, que Jesus não nos diz para deixarmos de amar nossos familiares, amigos, namorados (as), nem tampouco a nossa vida, o que Ele ressalta é que este amor não deve ser superior ao amor que temos por Jesus para que não nos deixemos escravizar por nada, nem por ninguém.
Desta forma temos, também, que, ao mesmo tempo em que Jesus nos esclarece acerca do perigo do apego aos nossos e à nossa própria vida, Ele nos ensina que o segredo para termos a vida está em uma alma entregue, abandonada aos seus cuidados.
Ressaltamos, todavia, que este ato de total abandono só poderá ser vivenciado por meio da experiência do amor de Deus em nossa vida, o que, por sua vez, nos levará a confiar n’Ele e a considerá-Lo como nosso bem mais valioso, confiando-Lhe o que de mais caro possuímos, ou seja, a nossa vida e os que dela fazem parte. Assim compreenderemos que Ele não quer retirar de nosso convívio aqueles que amamos, mas sim, colocá-los em seus respectivos lugares.
Por fim, ao se encerrar os alertas de Jesus neste trecho do Evangelho, Ele nos garante que tudo o que fizermos pensando n’Ele e em agradá-Lo, definitivamente, não ficará sem recompensa.
Peçamos, então, a Deus que nos liberte de nossos apegos e que nos dê, além de um coração desapegado, um coração que saiba se entregar e acolher a todos que de nós se aproximem.
O texto divide-se em duas partes. A primeira parte, Mateus apresenta um conjunto de exigências radicais para quem quer seguir Jesus; na segunda parte, Mateus sugere que toda a comunidade deve anunciar Jesus e põe na boca de jesus o anúncio de uma recompensa, destinada àqueles que acolherem os mensageiros do Evangelho.