A Confissão não deve ser uma tortura ou um interrogatório pesado, mas um encontro libertador que manifesta a misericórdia infinita de Deus – disse o Papa Francisco aos participantes no Curso sobre o foro interno promovido em Roma pelo Tribunal da Penitenciaria para ajudar os novos sacerdotes a administrar correctamente o Sacramento da Reconciliação. O Papa recordou entre aplausos dos presentes o 57° aniversário da sua entrada na vida religiosa.
No seu discurso o Papa começou por reafirmar a importância do sacramento da Reconciliação, aquele que torna presente com especial eficácia o rosto misericordioso de Deus, fá-lo concreto e manifesta-o continuamente, sem parar, tendo sublinhado:
“Não esqueçamos nunca, tanto como penitentes que como confessores: não existe pecado algum que Deus não possa perdoar! Nenhum! Só o que é subtraído à divina misericórdia não pode ser perdoado, como quem se subtrai do sol não pode ser iluminado nem aquecido”.
À luz deste maravilhoso dom de Deus o Papa Francisco quis em seguida salientar três exigências: viver o sacramento como meio para educar à misericórdia; deixar-se educar por aquilo que celebramos; e manter o olhar sobrenatural.
Viver o sacramento como meio para educar à misericórdia – explicou o Papa – significa ajudar os nossos irmãos a fazer experiência de paz e compreensão humana e cristã, reiterando que a Confissão não deve ser uma “tortura”, mas que todos deveriam deixar o confessionário com a felicidade no coração, com o rosto radiante de esperança, embora por vezes também molhado pelas lágrimas da conversão e da alegria que dela deriva.
Quanto à exigência de se deixar educar por aquilo que celebramos, o Papa, dirigindo-se aos confessores, convidou-os a se deixarem educar pelo Sacramento da Reconciliação, pois por vezes acontece de ouvir confissões que nos edificam, irmãos e irmãs que vivem uma autêntica comunhão pessoal e eclesial com o Senhor e um amor sincero para com os irmãos; almas simples, almas de pobres em espírito, que se abandonam totalmente ao Senhor, que confiam na Igreja e, portanto, também no confessor, e acrescentou:
“Quanto podemos aprender da conversão e do arrependimento dos nossos irmãos! Eles nos encorajam a fazer também nós um exame de consciência: eu, sacerdote, amo assim o Senhor, que me fez ministro da sua misericórdia? Eu, confessor, estou dispostos para a mudança, a conversão, como este penitente, ao serviço do qual fui chamado?”
E o Papa continuou dizendo que quando se escutam as confissões sacramentais dos fiéis, deve-se manter sempre o olhar interior voltado para o Céu, para o sobrenatural. Devemos, antes de tudo, disse o Papa, reavivar em nós a consciência de que ninguém é colocado neste ministério pelo próprio mérito; nem pelas próprias competências teológicas ou jurídicas, nem pela própria característica humana ou psicológica. E sublinhou ainda:
“Todos nós fomos constituídos ministros da reconciliação por pura graça de Deus, gratuitamente e por o amor, ou melhor, precisamente por misericórdia. Somos ministros da misericórdia graças à misericórdia de Deus; nunca devemos perder este olhar sobrenatural, que nos torna realmente humildes, acolhedores e misericordiosos para com cada irmão e irmã que pede para se confessar”.
E é por isso que a Igreja é chamada a “iniciar os seus membros – sacerdotes, religiosos, leigos – na ”arte do acompanhamento”, para que todos aprendam sempre a tirar as sandálias diante do terreno sagrado do outro”, porque cada fiel penitente que se aproxima do confessionário é “terreno sagrado”, que se deve “cultivar” com dedicação, cuidado e atenção pastoral, concluiu o Papa, desejando aos presentes que aproveitem o tempo quaresmal para a conversão pessoal e para se dedicarem generosamente na escuta de confissões para que o povo de Deus chegue purificado à festa de Páscoa. (BS)
Fonte: http://www.news.va/