Rezar é descomplicar-se… Rezar pelo outro pode ajudá-lo a se descomplicar também, uma vez que o amor simplifica as coisas. O simples é sempre um mistério. Simplicidade nos desconcerta, simplicidade desconcerta o coração de Deus… Assim, em Seu imenso amor, muitas vezes Ele não resiste em nos conceder aquilo que pedimos. Quanto mais quando os objetivos de nossa oração não são propriamente nossos. São do outro. São daquele que devemos amar como Ele ama… Falamos de intercessão.
O Catecismo nos ensina que “a intercessão é uma oração de pedido que nos conforma de perto com a oração de Jesus. (…) Interceder, pedir em favor de outro, desde Abraão, é próprio de um coração que está em consonância com a misericórdia de Deus” (CIC 2634-2635).
Assim, interceder é colocar-se no lugar do outro e pleitear a sua causa, como se fora sua própria. É estar entre Deus e os homens, a favor destes, tomando seu lugar e sentindo sua necessidade, lutando em oração até o cumprimento da vontade de Deus na vida daquele por quem intercede.
Interceder é chorar pelo outro que talvez já não tenha mais lágrimas. É sofrer em seu lugar, ainda que silenciosamente, sem o conhecimento do próprio “beneficiado” pela oração. Dificilmente, o intercessor é visto por alguém. A exemplo de Jesus e de Maria, ele prefere rezar no escondimento do coração, pelas madrugadas, em seu quarto; ou durante o dia, nas ruas enquanto caminha, à beira de um tanque ou de um fogão, como também na fila de um banco, no ponto de ônibus ou em qualquer outro lugar…
Perceber a mão de Deus nas coisas criadas, já leva o intercessor a rezar… Para aquele que reza, um simples olhar lançado ao céu é uma oração… Um coração assim reza continuamente. É interessante salientar que seu trabalho não traz honrarias e glórias, nem promoções humanas, mas muda o curso dos acontecimentos, gera resultados, transforma corações, faz história. Todavia, a honra da vitória nunca será do intercessor, e sim de Deus. Porém, corações simples não se queixam disso, pois conhecem o seu lugar: de joelhos diante de Deus.
Naturalmente, existem pessoas que têm um ministério de intercessão, com uma unção especial para tanto. Entretanto, toda a Igreja é chamada à missão de rezar pelo outro. Não é por acaso que a palavra de Deus usa o verbo no imperativo: “orai uns pelos outros…” (Tg 5, 16). É uma ordem a todos. Que ela encontre forças em almas dispostas a obedecer e fazer a vontade de Deus, como também, contribuir para que esta aconteça.
Quem obedece entra num caminho certeiro, descomplicado. Descompliquemos as coisas! Oremos… uns pelos outros.