“No início, batizavam-se os convertidos e hoje a missão da igreja é converter os batizados.”
Com essas palavras, Prado Flores inicia o seu livro “Ide e evangelizai os batizados”, e ao analisarmos mais de perto as linhas escritas por ele percebemos que de fato este é o maior desafio a ser vencido pelos cristãos hoje, principalmente entre os povos latino-americanos e caribenhos, fazendo com que nossa evangelização seja portadora da promoção humana e produza uma autêntica libertação cristã, estabelecendo assim a esperança em nossos povos.
Em nossos países, normalmente conhecidos como católicos, percebe-se uma grande distância entre o chamado da nossa fé e a prática na vida cotidiana de nossos povos. Haja visto que entre nós muitos se dizem católicos e mal conhecem os mandamentos, participam da missa semanalmente, se dizem interessados pelos assuntos relacionados à igreja, quando não se posicionam contra ela em questões como o controle da natalidade, combate a AIDS, aborto, preservação ambiental, ocupação da terra,….
Neste contexto, as palavras de Jesus “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc. 16,15) tornam-se de uma realidade plástica e decisiva para uma melhor convivência entre os povos, pessoas e assim por diante.
Nossa vocação como batizados, a de nos tornarmos evangelizadores está pautada na palavra ordenada por Jesus, como visto acima e em uma vida melhor, mais autêntica, em que nosso testemunho seja a nossa maior arma nessa batalha.
Será salvo segundo Jesus somente quem crer na sua palavra (Mc. 16,16) e a forma de demonstrarmos a nossa crença é vivendo a palavra de DEUS (Tg. 1,22), pois, caso contrário, estaremos sendo mais um a ser também evangelizado, ao invés de evangelizadores.
Mas ainda é impossível refletir sobre a evangelização e não considerar o verbo utilizado por Jesus, ou seja, recebemos uma ordem para irmos por todo o mundo. A fala de Jesus é imperativa, pois convoca todos nós, cristãos batizados a assumirmos esta dimensão da nossa fé a de anunciarmos o Senhor Jesus, sua doutrina, proposta de vida, ou seja, o evangelho. E os bispos da América Latina e Caribe, reunidos em Aparecida orientam que “todos os membros da comunidade paroquial são responsáveis pela evangelização dos homens e mulheres em cada ambiente (Aparecida 186)”.
Como bons seguidores de Jesus, devemos saber que uma “autentica evangelização dos nossos irmãos implica em assumir plenamente a radicalidade do amor cristão, que se concretiza no seguimento de Jesus na cruz; no padecer por Cristo por causa da causa da justiça; no perdão e amor aos inimigos” (Aparecida 562).
Dentro desse contexto proposto pelos nossos bispos em Aparecida, cumpre-nos ainda estar atentos às possíveis novas formas de evangelização, usando todos os meios para que a palavra seja pregada oportuna e inoportunamente, incluindo aqui além dos trabalhos nas paróquias, a rádio, a televisão, a imprensa escrita, a internet, este como uma das mais desafiantes formas a ser encaradas pelos evangelizadores.
Ainda há a necessidade de estar atentos a outros foros de atuação na evangelização, como locais turísticos e de entretenimentos, que tem um campo imenso de realização nos clubes, nos esportes, no cinema, centros comerciais e outras opções que diariamente chamam a atenção e pedem para ser evangelizados (Aparecida, 512).
Naturalmente, por fim acredito que o testemunho pessoal partilhado boca a boca ainda seja uma forma de grande eficácia, pois o evangelizado pode contemplar diante de seus olhos no testemunho do evangelizador as maravilhas operadas por DEUS na vida, na pessoa, ou através desta e sob a ação poderosa do Espírito Santo ser tocada e conduzida a uma vida com autentica libertação cristã.