Toda vez que me vem à mente a palavra relacionamento, sempre penso em algo complexo e é a mais pura verdade, pois relacionar-se, abrir-se ao outro é algo complexo; no entanto, há um caminho para que haja um encontro nas relações: o diálogo. Só por meio do diálogo é possível viver verdadeiramente uma relação com o outro.
Quantos casais vão se distanciando um do outro, dia após dia, por acreditarem que como pensam diferente é melhor cada qual ficar quieto no seu canto e ir vivendo.
No entanto, isso é um tremendo erro, pois a ausência de diálogo sincero vai minando a relação. Se não me abro ao outro e digo o que estou sentindo ou se fiquei chateado (a) em determinada situação, como posso querer que o outro entenda e, até mesmo, mude.
Graças a Deus, não temos bola de cristal e nem tampouco podemos ler mentes; então, pra que a relação cresça, amadureça e dê frutos é preciso ir ao encontro do outro. Quando falamos e expressamos o que estamos sentindo, nos abrimos a chegar num acordo, num ponto comum.
Por outro lado, não podemos também querer que as coisas sejam sempre do nosso jeito. Dialogar de acordo com o Dicionário Aurélio significa “Travar ou manter entendimento (duas ou mais pessoas, grupos, entidades, etc.) com vista à solução de problemas comuns; entender-se, comunicar-se”.
Como podemos ver, dialogar significa o encontro de duas ou mais percepções, de pontos de vista que se aliam pra chegar num local comum.
Temos de ter sempre em mente que ninguém é possuidor da verdade absoluta; há sempre dois lados da verdade: o lado de quem se expressa e o lado de quem ouve, pois quando vivenciamos, sentimos ou falamos algo trazemos juntamente com isso nossa história familiar e de vida, nosso contexto de mundo e tudo aquilo que já vivemos neste sentido.
Lembro-me de uma vez ter lido a respeito de um casal que recentemente tinha celebrado o seu matrimônio e da dificuldade que a esposa estava encontrando em aceitar o jeito do esposo de guardar, ou não, as coisas. Uma das situações é que ela não conseguia concordar com o jeito de ele guardar a escova de dente dele. Ela colocava a sua virada pra cima e ele sempre colocava a dele virada pra baixo. Quando ela via, ia lá e “consertava” sempre considerando o que achava certo. Ele por outro lado, toda vez que encontrava a escova daquela forma, ficava incomodado e virava novamente pra baixo.
Isto foi virando uma rotina até que um dia, motivados por outra situação, eles tiveram uma discussão feia e ela acabou falando da escova, dizendo que ele fazia tudo errado. Ou seja, ela tomou aquele comportamento dele como errado e, pior ainda, como um medidor de todas as suas atitudes. Depois de muito discutir e após esfriarem a cabeça, eles pararam pra conversar, dialogar e perceber o que estava motivando aquela discussão toda. Ao conversarem, puderam expor o que estavam sentindo e viram que os dois são diferentes e que cada um deve ser livre pra agir do seu jeito. Devemos sempre respeitar o outro, pois não quer dizer que só porque o outro não faz as coisas do nosso jeito que significa que faça errado. Não somos clones um do outro. Cada qual tem a sua individualidade e é isso que nos encanta no outro. Aí está a beleza da relação; ou seja, quando há o encontro do diverso. Entretanto, só conseguimos perceber e viver isso quando nos prontificamos a falar, abrir o coração para o outro. Uma relação sem diálogo tende a ruir mais dia menos dia, pois a comunicação sem imposições é a base essencial de toda relação.
Sendo assim, façamos o exercício do diálogo, um degrau de cada vez, e veremos as nossas relações darem frutos cem por um.