É com alegria que venho trazer um pouquinho daquilo que sinto como inspiração divina para seguir a caminhada de cada dia… espero que seja proveitoso para você também.
Outro dia, estava chegando em casa num sábado quente onde pude contemplar um grupo de formiguinhas carregando um bichinho que parecia bem pesado, e num esforço enorme iam aos poucos levando aquele que serviria de alimento por um bom tempo.
Você não imagina o quanto Deus falou ao meu coração com estes minutos de contemplação em meio à correria e desatenção na qual estava. Às vezes, ficamos procurando tantos sinais, prodígios e até mesmo milagres, quando na verdade Deus está pertinho, do nosso lado falando em coisinhas tão simples do dia-a-dia, trazendo certeza da presença e do seu cuidado em nossa vida.
As formigas trabalham em um ritmo acelerado, com uma disciplina e cooperação interessante; na nossa linguagem, poderíamos até dizer que trabalham de mãos unidas e, que se fosse possível, deixariam muito rastro de suor por aí, já pensou?! Credo!!!
Logo em seguida, a este fato relâmpago, passei por alguns apuros em que precisei de mão amiga, meu coração estava dolorido, uma mão acolhedora seria de grande apoio naquele momento. E é justamente aí que está a grande sacada entre precisar de alguém e a questão da união das formigas; ou seja, poder sentir que o outro é um apoio verdadeiro, uma mão estendida para lhe acalentar, segurar e incentivar a caminhar.
A palavra-chave desta reflexão para mim é abandono. Interessante? Pois é! Ao nos permitirmos amar, às vezes, nos sentimos frágeis, nas mãos do outro; mas o diferencial está naquela pessoa que, por nos amar verdadeiramente, acaba agindo diferente e ao contrário de nos sentirmos nas mãos do outro, sentimos que estamos de mãos dadas e, que por isso, podemos ser quem somos e se necessário nos colocarmos mesmo nas mãos do outro, aos cuidados do outro. Pois é, Deus, em muitas circunstâncias de nossas vidas, age assim. Ora, nos auxilia lado a lado. Ora, nos coloca aos seus cuidados…
Outro ponto que me chamou a atenção ao refletir sobre tudo isso foi relembrar os ensinamentos de santa Teresinha quando ela fala do abandono como um dos pilares para a caminhada cristã e que nisso está também o entendimento de que como Deus nos deu a tal liberdade, o convite passa primordialmente pelo dar as mãos a Ele… você já pensou nisto?! Eu não! Só fui pensar por causa das mãos unidas das formiguinhas.
Deus não é mágico, mas o amor d’ Ele é concreto, se for preciso trocar reinos por você e por mim, ele trocará; mas a vida não é feita apenas de milagres e prodígios, ao contrário, a vida é feita de acontecimentos miúdos que precisam ser contemplados para seguirmos adiante.
Pare um pouquinho… tente perceber o mundo à sua volta e, após esta percepção, podemos então afirmar como um grande compositor mineiro Vander Lee: “O azul do mar me chamou e eu pulei de roupa e de chapéu”. Se for preciso, pule mesmo de roupa e de chapéu no grande mar que é a misericórdia de Deus, mas não deixe de caminhar.
Você está com problemas, eu sei, todos temos nossa cruz para carregar, mas a dinâmica agora é outra, pra que carregar sozinho sua cruz? Dê as mãos Àquele que já carregou uma cruz muito mais pesada, era o pecado do mundo inteiro e por isso mesmo ele quer aliviar sua dor, mas por outro lado, quer que entendamos o processo dessa caminhada na qual precisamos trilhar… vida é movimento constante, mexa-se, saia do lugar, “aprume” suas costas e siga em frente!
Você e eu temos o direito de desanimar, parar, mas não temos o direito de desistir, uma vez que seres tão pequenos, frágeis como as formigas estão aí o tempo todo e muitas vezes azucrinando nossa cozinha, por que, então, pessoas dotadas com características tão particulares, jamais encontradas, vão agora desistir?
Não! Encha seu pulmão de ar como eu precisei fazer naquele sábado tão quente, una suas mãos às daqueles que te amam de verdade, mas una-se principalmente às mãos de Deus, se ele não desiste de você, quem sou eu para desistir de mim mesma!