Da vasta galeria dos ministros sagrados que serviram ao povo viçosense, recentemente organizada na Sacristia do Santuário de Santa Rita de Cássia, de Viçosa, sob a coordenação do nosso pároco, Pe. Paulo Dionê Quintão, consta a fotografia do Cônego Antônio Mendes, que nos deixou há sete anos. Ele faleceu a 22/1/2002, ficando para nós, católicos viçosenses, uma grande saudade. Orientador da Renovação Carismática Católica (RCC), fundador a Comunidade “Cenáculo do Senhor”, na Fazenda Antuérpia Mineira, no Paraíso, foi ele o primeiro presidente da extinta Academia Viçosense de Letras (AVL), tendo ocupado também a cadeira nº 3 da Academia de Letras de Viçosa (ALV), tendo como patrono Raul de Leoni, como ele um notável poeta e literato. Pároco de Alfié, Marliéria e Nova Era (MG), primeiro capelão, desde 1950, da Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (atual Universidade Federal de Viçosa), quando o reitor era o professor Joaquim Fernandes Braga), ele serviu a comunidade universitária até 1985.
O Padre Mendes, como era carinhosamente chamado, nasceu em Viçosa a 3/8/1914, onde aprendeu enfermagem, trabalhando na farmácia de Benjamim Araújo. Ordenado padre a 11/12/1938, tornou-se Cônego em 1993. Estaria completando, portanto, 70 anos de sacerdócio no próximo dia 11 de dezembro. Bacharel em Direito e professor universitário, participou de órgãos colegiados e foi professor dos cursos de Economia Doméstica, Administração do Lar e do Agrotécnico, do Colégio Universitário e da Engenharia Florestal, lecionando disciplinas como Política, Sociologia, Psicologia, Português, Ética, Geografia, Legislação Florestal, Administração e Literatura. Em 1954 fundou a Conferência Vicentina Santo Tomás de Aquino, a primeira no âmbito universitário, orientando, por meio dela, a duplicação da Vila Vicentina, na Rua dos Passos, 475, e também a construção do Centro Profissionalizante da SSVP, na Rua Sant’Anna. Organizou a Semana Ruralista de Padres e Freiras, repassando, por intermédio dessa, princípios de Higiene, Agricultura e Alimentação. Lutou e obteve, com o seu reconhecido prestígio, verbas para a construção de edifícios da Universidade Rural e iniciou um trabalho extensionista que resultou na fundação e direção de dezesseis ginásios na Zona da Mata e no Sul de Minas, entre os quais o Raul de Leoni, em Viçosa, gratuito para jovens oriundos de famílias de pequena renda. Deu assistência espiritual ao Centro de Treinamento de Professoras Rurais, na antiga Colônia Agrícola Vaz de Mello, no Colégio de Viçosa, no bairro Bela Vista, no Patronato Agrícola, no distrito de Cachoeira de Santa Cruz e no Lar dos Velhinhos, foi vice-prefeito de Viçosa (1973-1976) e um dos que mais lutaram pela construção do Hospital São João Batista. Fundou ainda, ao lado do Prof. Pélmio Simões de Carvalho, o jornal Folha de Viçosa, atual Folha da Mata.
Este ilustre sacerdote desempenhou tarefas hercúleas ao trabalhar na assistência e promoção humana, sendo respeitado como cidadão de prol e líder político, inclusive tendo sido candidato a deputado. Foi um pioneiro em diversos setores da vida social de Viçosa, inclusive como idealizador de um encontro para os dias de Carnaval, o “Rebainho”, que se transformou no “Seara”, um dos mais importantes eventos religiosos da cidade de Viçosa.
Pe. Mendes era muito conhecido pelo tratamento que dava a todas as pessoas de “Doutor”. Isto porque, conforme lembrou em artigo o Diácono Luiz Carlos Lopes (cuja ilustre família dele cuidou, desveladamente, até seus derradeiros dias), o Cônego Antônio Mendes considerava que cada qual “é um Doutor em sua especialidade”.
Cônego Antônio Mendes