Debaixo da tua figueira

No Evangelho de São João há a descrição de forma muito interessante do encontro de Jesus com os primeiros discípulos, o que pareceu bastante ocasional, pois Jesus estava passando (João 1, 36).

É possível entender que tudo o que para nós é simplesmente ocasional, para Deus não, há um proveito e uma intenção em todos os momentos de nossas vidas, foi assim com os discípulos pelo que conhecemos da Escritura e acreditamos que acontece da mesma forma até os dias de hoje.

Jesus passava e ia convidando àqueles que ele queria como explica a Palavra. No Evangelho de São João há um diálogo profundo entre Jesus e Natanael que esclarece isso, pois, apesar de Filipe testemunhar que havia encontrado àquele que Moisés havia dito na lei, o messias, filho de José de Nazaré; Natanael não se sentiu empolgado e mais ainda, duvidou de que da cidade de Nazaré pudesse sair coisa boa (Jo 1, 46).

Ao ver Natanael, Jesus mostra a ele primeiramente que conhecia o seu caráter ao chama-lo de verdadeiro israelita, no qual não há falsidade (Jo, 1,47), ele por sua vez questiona Jesus com certo estranhamento: “Donde me conheces?” e Jesus responde o que Natanael não esperava e nós também por muitas vezes não esperamos ou esquecemos: “Antes que Felipe te chamasse, eu te vi quando estavas debaixo da figueira.” (Jo, 1, 48).

Lendo um pequeno texto sobre esta passagem, o autor explica que estar embaixo daquela figueira poderia representar as coisas pessoais que Natanael estava vivenciando que somente ele e Deus sabiam – e continua – a figueira que parecia ser um lugar de solidão apenas de Natanael, era também lugar de Deus que o havia visto a pensar na vida e nas decisões que precisava tomar.

O que podemos pensar sobre tamanha sabedoria de Jesus está relacionado ao quanto Ele também confia em nós, por isso chamou Natanael que nem acreditava que dele pudesse vir algo de bom; e continua chamando até os dias de hoje, Deus confia em nós, por isso nos vê sentados embaixo da nossa figueira e assim mesmo, nos convida, ele diz: “Vem e segue-me”.

A fala de Jesus muito impressionou Natanael que logo mudou o discurso reconhecendo: “Rabi, tu és o filho de Deus, tu és o Rei de Israel” e Jesus responde: “Verás coisas maiores do que essas…” (Jo, 1,49).

As vezes não escutamos a voz do mestre e ficamos sentados tentando resolver todas as coisas, como se Ele não soubesse de todas elas, não pudesse nos auxiliar ou ensinar o melhor caminho e dessa forma, nos sentimos tão aprisionados que nos é impossível ver coisas maiores como bem disse Jesus, a gente não acredita que ele também confia em nós.

Deus nos conhece perfeitamente, sabe que pecamos, erramos, mas a todo o momento ele não deixa de confiar em nós, de dizer que nos vê e sabe que tipo de homem e mulher somos, é assim mesmo, não de outro jeito ou do jeito como gostaríamos. Ele vê e nos diz hoje, mesmo que só acreditemos porque lemos agora que ele também nos vê como viu Natanael e tantos outros, devemos crer que poderemos ver coisas maiores, basta reconhece-lo, nos apresentarmos e segui-lo pelo caminho.

Esse diálogo profundo entre Jesus e Natanael mostra a presença de alguém que o conhecia quando estava isolado, pensativo debaixo de sua figueira. Pela fé que temos podemos pensar que Jesus também dialoga conosco o tempo todo, dizendo para que possamos confiar nele e não esquecer que Ele também confia em nós, pois nos vê sempre debaixo da nossa figueira e que se nós crermos veremos coisas ainda maiores.

Repito: “Ele nos vê, ele confia em nós!”

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