Os dons do Espírito Santo são dádivas que Ele nos dá para nossa santificação pessoal e para o serviço aos Irmãos.
Os dons de santificação, que são para proveito pessoal, estão enumerados em Is 11,1-2 e são os seguintes: temor de Deus, fortaleza, piedade, conselho, ciência, entendimento e sabedoria. Esses dons são necessários para a nossa santificação. Nós os recebemos no Batismo e nos são úteis durante toda vida, para que cumpramos a vontade de Deus a nosso respeito. Logo, devemos nos abrir a eles.
Os dons espirituais de serviço aos irmãos, chamados também carismas, foram enumerados por São Paulo na primeira carta aos Coríntios e é objeto do nosso estudo. Diz Paulo: “Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diferentes, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum.” (I Cor 12, 4-7) O uso dos dons não é para nós motivo de vaidade, ou para nos auto-promover, mas é para um serviço à comunidade. Como é necessário uma enxada para capinar um terreno, os carismas de serviço são indispensáveis para melhor servir aos necessitados. Não é para méritos nossos, mas é dom gratuito do Espírito Santo para o serviço dos necessitados.
“A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria” (I Cor 12, 8a) a palavra de sabedoria aqui é um dom carismático que não deve ser confundido com o dom de sabedoria, que é um dom de santificação. A palavra de sabedoria é o carisma pelo qual Deus revela um segmento de Sua sabedoria para que transmitamos ao irmão, a fim de que seja levado a uma ação para ser curado ou liberto, ou para resolver um problema. O Senhor mostra como devemos proceder, como devemos agir, mas nos dá a liberdade de aceitar ou não essa graça extraordinária proveniente da sua misericórdia. Se quisermos que a graça recebida pela palavra de sabedoria torne-se atuante em nós, precisamos proceder ou agir conforme o que nos foi revelado pelo Senhor. Cabe lembrar que esse dom refere-se sempre ao futuro. Ex: rezando por uma pessoa, Deus revela as palavras “ atividade noturna”. Quando a pessoa escuta, ela compreende que o proceder dela, à noite, não tem sido conforme a vontade de Deus. Assume diante de Deus viver uma nova vida e fazendo assim, tem sua vida transformada;
“… a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito;” (ICor 12,8b) o dom da palavra de ciência é o carisma pelo qual Deus nos revela um segmento de Sua ciência, mostrando a raiz de uma negatividade que está causando um problema a um irmão ou a nós mesmos. Essa negatividade se refere a um fato ocorrido no passado ou que está acontecendo no presente. A palavra de ciência pode ser dada por uma palavra, uma imagem estática, uma cena ou até uma sensação. Ao revelarmos ao irmão, ele mesmo identificará o seu significado. A palavra de ciência é o diagnóstico do problema, ela revela onde está o problema, já a palavra de sabedoria (como vimos anteriormente) revela como agir com este problema. Ex: Rezando por uma pessoa Deus apresenta a imagem de uma criança com medo de um idoso e traz ainda a palavra avô. A pessoa que reza pergunta se essa imagem e palavra diz algo para a pessoa. Essa por sua vez admite ter sido violentada sexualmente pelo avô. O intercessor, de posse dessas informações, convida Jesus a estar no momento em que isso aconteceu, visto ser Ele o Senhor do tempo, pedindo para que essa pessoa não tenha mais, em sua vida, as conseqüências causadas por esse fato. Conclusão: Deus cura a causa e os efeitos passam a não mais existir. É importante ressaltar que, quando Deus dá uma Palavra de Ciência ou de Sabedoria, elas não pertencem ao intercessor, mas ao que está recebendo oração e não cabe ao intercessor o entendimento dessas palavras. Ele pode, no máximo, ajudar no discernimento do que recebe o atendimento, dando-lhe pistas, mas nunca concluindo por ele;
“… a outro, a fé, pelo mesmo Espírito;” (I Cor 12, 9a) o dom da fé é o carisma pelo qual Deus nos concede um poder extraordinário capaz de realizar obras que superam toda potencialidade humana. O dom da fé não deve ser confundido com a virtude teologal da fé. Esta virtude teologal deve ser praticada constantemente por nós, ela nos faz justos, é por ela que cremos em todas as verdades que nos foram reveladas e que estão consubstanciadas na oração do Credo. É preciso a fé teologal para a abertura a todos os dons. É preciso ainda a fé carismática para orar ao Senhor e pedir-lhe que realize uma cura ou um milagre. É crermos no poder extraordinário capaz de realizar obras que superam toda potencialidade humana;
“… a outro, a graça de curar doenças, no mesmo Espírito;” (I Cor 12,9b) o dom de cura é o carisma pelo qual ocorre uma cura como resposta de Deus à nossa oração. Nós oramos a Deus pedindo-lhe que cure o irmão ou que nos cure. É Deus quem opera a cura. Há cura física (do corpo), a cura interior (do psiquismo) e a cura espiritual (do espírito). O homem é um ser formado de corpo, mente e espírito. Esses três aspectos de sua pessoa estão intimamente interligados. Quando uma das partes não está bem, as outras são afetadas. Quem vai orar pela cura do irmão não sabe qual é a raiz do mal, se está no corpo, na mente ou no espírito, mas Deus sabe. Muitas vezes a cura ocorre diretamente como resposta ao pedido feito na oração, outras vezes Deus dá a quem está orando uma palavra de ciência para identificar a raiz do mal. O Senhor geralmente indica também caminhos para a cura através do dom de sabedoria, do discernimento dos espíritos ou do aconselhamento. Estes dons conduzem à cura, conforme o caso, pelo perdão, pela recepção do sacramento da reconciliação, pela libertação, etc. Não podemos nos esquecer que o Senhor usa de diversos meios para nos curar: pelos médicos e medicamentos, pela recepção dos sacramentos e como resposta às nossas orações.
“… a outro, o dom de milagres;” (I Cor 12, 10a) milagres são fenômenos sobrenaturais realizados por Deus. O dom de milagres é o carisma pelo qual Deus realiza milagres como resposta à nossa oração. Muitas pessoas abertas ao dom de cura têm obtido de Deus, pelas suas orações, curas milagrosas. A diferença entre o dom de cura e o de milagre é que a cura através da oração pode ocorrer através da medicina, o milagre é aquela cura física que a ciência não explica. O milagre não é apenas na área de cura, mas também ocorre de outras formas, como o testemunho do irmão que tentou o suicídio e uma outra pessoa ligou pedindo socorro. O irmão que tentou o suicídio foi socorrido e só depois que quem ligou pedindo ajuda observou que o cabo do telefone estava cortado.
“… a outro, a profecia;” (I Cor 12, 10b) o dom de profecia não é prever o futuro, mas o carisma pelo qual proclamamos uma mensagem de Deus destinada a uma comunidade, a um irmão ou a nós mesmos. O Senhor fala conosco através da profecia, quem recebe percebe a unção do Espírito. Esta unção pode vir acompanhada de manifestações físicas e espirituais, na física sentimos o coração bater mais rapidamente ou sentimos calor ou ainda formigamento nas mãos, na espiritual sentimos o amor de Deus em nosso coração. A profecia pode ser em vernáculo (português, para nós), em línguas, em visão ou em sonho. A profecia geralmente começa em 1ª pessoa, por se tratar de uma mensagem de Deus para o seu povo. A profecia em línguas é diferente de uma oração em línguas, a profecia em línguas é dada a uma única pessoa. A oração em línguas pode ser pessoal ou comunitária. Por outro lado, sente-se que a profecia em línguas é dita como uma proclamação incisiva do Senhor. Quem ouve profecias em línguas não entende o seu sentido e significado. Para que a profecia em línguas seja entendida pela comunidade é preciso abertura a outro dom do Espírito Santo, o dom da interpretação, que veremos um pouco mais à frente. São Paulo nos orienta: “Se houver quem fale (profetize) em línguas, falem dois, no máximo três, e cada um por vez. E haja quem interprete” (I Cor 14,27). A profecia em visão é uma mensagem que o Senhor nos dá através da visualização de algo. Lemos nas Escrituras que São Pedro teve por três vezes a visão de uma toalha que baixava do céu contendo animais de todas as espécies. O Senhor lhe disse: “Pedro, mata e come”. Pedro recusou-se, afirmando que havia na toalha animais considerados impuros pelos judeus. O Senhor lhe disse “ Não chames impuro o que Deus purificou”. Logo após vieram chamar Pedro para ir à casa do centurião Cornélio, não-judeu, mas justo e temente a Deus. Pedro lembrou-se da visão profética que tivera e das palavras do Senhor e foi à casa de Cornélio, que se converteu ao cristianismo. (versão livre de At 10, 9-48). A profecia em sonho é uma mensagem que o Senhor nos dá enquanto dormimos. A maioria dos sonhos não tem sentido algum. Mas, quando é da vontade do Senhor, Ele nos da uma mensagem em sonho e temos, pois, um sonho profético. Nas reuniões do Grupo de Oração, geralmente depois de uma oração em línguas ungida e comunitária, há um momento de silêncio e algum participante se sente tocado a transmitir à comunidade uma mensagem do Senhor. A pessoa que recebe a manifestação do dom da profecia sente uma necessidade de transmitir aos irmãos aquilo que o Senhor lhe está imprimindo no coração. Inicia então a proclamação da mensagem do Senhor, que vai fluindo de sua boca. Não são palavras vindas do seu raciocínio humano, mas que realmente provêm de Deus. Toda profecia precisa ser confirmada, para se ter certeza de que veio do Senhor. Muitas vezes a profecia é captada por mais de uma pessoa da comunidade, um deles proclama e os que receberam e não proclamaram deverão confirmar a profecia dizendo: confirmo a profecia ou simplesmente confirmo. São Paulo diz: “Quanto aos profetas, falem dois ou três e os outros julguem” (I Cor 14,29). A profecia pode ser divina, como vimos acima, não-profética ou humana (é proclamação de uma mensagem provinda de nosso espírito humano. Geralmente são frases piedosas, ou citações das Escrituras, mas sem que tenham sido suscitadas por Deus. Ao ouvir uma não-profecia, detectamos a falta de unção nas palavras proferidas. De qualquer forma, não causa nenhum dano) ou uma falsa profecia (que é a proclamação de uma mensagem vinda do inimigo. Esta profecia geralmente traz agitação, perturbação e pode ser detectada também por contrariar a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja).
“… a outro, o discernimento dos espíritos:” (I Cor 12, 10c) o dom do discernimento dos espíritos é o carisma de perceber e identificar em nós mesmos, nas outras pessoas, nas comunidades e nos ambientes o que é de Deus, o que é da natureza humana ou o que é do maligno. Pode-se dividi-los em três: há o discernimento natural, comumente chamado bom-senso. Um exemplo é evitar certos vícios, como bebida e cigarro, porque fazem mal a minha saúde. Há o discernimento doutrinário, pois o que está de acordo com a doutrina católica ( Escritura e Magistério da Igreja) vem de Deus. O que a contraria não pode vir. Por último, há o dom do discernimento dos espíritos, que aprimora o discernimento natural e deve estar de acordo com o discernimento doutrinário, não podendo haver incoerência entre eles.
“… a outro, a variedade de línguas,” (I Cor 12, 10d) o dom de línguas é o carisma que consiste na emissão de sons vocais, de balbucios, num linguajar que não é entendido por quem o emite, que pode ou não ser entendido por quem ouve, mas que é entendido por Deus. Jesus prometeu que aqueles que nele cressem receberiam esse dom. Lemos em Marcos: “Eis os milagres que acompanharão os que crerem: expulsarão demônios, falarão novas línguas, pegarão em serpentes e, se beberem veneno mortal, não lhes fará mal algum; imporão as mãos sobre os enfermos, que serão curados” (Mc 16, 17-18). Quando louvamos a Deus nos falta palavras, não porque faltam qualidades a Ele, mas porque somos limitados e o Espírito Santo nos ajuda com este dom. São Paulo nos diz: “Por isso o Espírito vem com auxílio de nossa fraqueza, porque ainda não sabemos como devemos rezar. Mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.”(Rm 8, 26-27)
“… por fim, a interpretação das línguas” (I Cor 12, 10e) o dom da interpretação é o carisma pelo qual proclamamos em vernáculo uma profecia em línguas, para que esta seja entendida tanto por quem a profetizou como para os que a ouviram. A interpretação não é tradução, se eu disser em inglês – I Love you – a tradução será sempre ‘eu te amo’, mas este dom consiste em falar em vernáculo a mesma mensagem de Deus que foi proferida em línguas. A profecia em línguas pode ser longa e a interpretação curta, ou vice-versa. A interpretação também deve ser discernida, e aqueles que sentiram a mesma mensagem devem confirmá-la, como vimos na profecia. “Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como lhe apraz.” (I Cor 12, 11) o Espírito Santo é quem distribui, cabe a cada um de nós nos abrirmos aos dons e pedi-los em oração. Para recebê-los precisamos querer, ceder, sujeitar nossa razão à vontade de Deus e pedir com fé.
Grupo de Oração Resgate
Gostei muito!!Tenho estudado bastante sobre esse assunto, e me ajudou muito!
Tenho deixado meu coração aberto á vontade de Deus para que Ele me use.
Foi muito importante ler esse artigo.
Um grande abraço,
A paz…
Gostei desse ensinamento que com serzeta foi pelo Espirito Santo.