É preciso subir…

Vamos conversar aqui sobre uma forte experiência pela qual eu e você somos convidados a passar, a fim de suportarmos as lutas que todos os dias enfrentamos. Qual é esta experiência? A experiência da subida ao Monte!

Abramo-nos às lições que este processo/experiência pode nos ensinar. No Evangelho de Jesus Cristo, segundo São Marcos, capítulo 3 versículo 13, nos diz que Jesus subiu ao monte. Sendo assim, gostaria de te convidar a refletir comigo sobre o monte como: um lugar de intimidade; um lugar de cura das enfermidades e um lugar de escuta da Palavra.

Primeiramente vemos que o monte era, por excelência, um lugar da experiência, da intimidade com Deus. Como podemos ver em Mateus 14, 23; Marcos 6, 46 e João 6, 15 Jesus ia sempre para lá; nessas citações a Palavra nos diz que Ele ia sozinho; talvez para falar ao Pai sobre Sua saudade do céu, para abrir-Lhe o coração em função das lutas enfrentadas, ou apenas, para ficar a sós com o Pai. Certo é que o monte era um lugar para onde Ele ia constantemente e para onde nos convida a subir também, seja para Lhe falarmos sobre nós, nossas lutas, alegrias ou apenas para ficarmos, igualmente, a sós com o Pai. Todavia, importa dizer que, assim como no tempo de Jesus, hoje, esta subida ao monte significa para nós, mais que o deslocamento a um espaço geográfico, trata-se do retirar-se da multidão e do barulho para buscar o recolhimento, como nos sugere o evangelista São Mateus ao nos dizer “[…] entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo […]” (Mt 6, 6).

Nota-se, porém que, em outras vezes, essa subida ao monte era acompanhada, ou seja, Jesus tomava consigo Pedro, Tiago e João, com quem criou um profundo laço de amor, confiança e amizade e para lá seguia. No Monte Tabor, por exemplo, Jesus se transfigura diante destes três, revelando-lhes a sua glória e como era de se esperar, eles ficam tão maravilhados e extasiados com aquela experiência, que desejam armar três tendas, eles querem ficar por lá (Lc 9, 28-33).

Com essa experiência Jesus abre a seus amigos o espaço da confiança, fazendo crescer entre eles a amizade e a intimidade. E nós? Quantas vezes nos abrimos assim não é mesmo? Vamos permitindo que algumas pessoas participem mais de nossa vida, abrimos-lhes este espaço de confiança e intimidade de tal forma que eles passam a fazer parte de inúmeros momentos de alegria que vivemos como casamentos, nascimento de filhos, somos padrinhos/madrinhas dos filhos uns dos outros, celebram conosco a aquisição de bens e tantas outras conquistas. Jesus deseja ser íntimo de nós, deseja mostrar-nos sua glória e seu poder, mas para isso eu e você, assim como o fizeram Pedro, Tiago e João, precisamos aceitar “gastar” tempo com o Senhor, precisamos subir o monte, falar com Ele e assim irmos construindo, dia após dia, essa bonita relação de confiança, amizade e intimidade!

Todavia, como bem sabemos a amizade, a intimidade e o amor conquistados não pressupõem somente momentos de vitória e alegrias não é mesmo? Aqueles três amigos, tendo convivido por quase três anos com Jesus, ouvindo-O, falando de si para Ele e, em função disso, tendo se tornado tão queridos, também participaram de momentos de dor, lutas e angústias pelos quais o Seu amigo passou.

No Getsêmani (Mc 14, 32-42), Jesus pede a seus amigos que O acompanhem naquele momento de dor, que subam com Ele e O sustentem na oração, pois como disse: Sua alma estava “numa tristeza mortal” e, por isso, precisava mais que nunca de seus queridos amigos! Nesta hora vemos que Jesus lhes confia, mais uma vez, a sua intimidade revelando-lhes agora as Suas dores e tristeza. Um ensinamento, entretanto, nos vem desta experiência já que o Mestre deixa claro a seus amigos as suas próprias limitações, uma vez que enquanto Ele sofria, eles “dormiam”. Ali, naquela hora difícil, Jesus lhes ensina que os via, os conhecia e sabia de suas fragilidades, infidelidades, assim como sabe das nossas, sabe das lutas que travamos conosco mesmos, de nossos momentos de fraqueza e derrotas, porém Ele queria que soubessem e nós, igualmente, que Ele é Aquele que nestas horas “Dá forças ao homem acabrunhado, redobra o vigor do fraco” (Is 40, 29). Com isso Jesus nos ensina que o importante é estar com Ele no monte, mesmo que seja para mostrar-Lhe nossa infidelidade, nossas lutas e fracassos!

Dando continuidade ao caminho que vimos trilhando até aqui, buscando colher as experiências vivenciadas por Jesus e seus amigos no monte, vemos que em outros momentos, para este lugar de oração foram levados até o Mestre vários mudos, cegos, coxos, aleijados e muitos outros enfermos (Mt 15, 29-31). E a Palavra segue afirmando que ali no monte Jesus “os curou”, ou seja, os que a Ele eram levados, não saiam da mesma forma como chegavam, muito pelo contrário, eles tinham sua vida e saúde completamente transformadas. Diante disso, outra lição que podemos aprender é que nós também somos chamados a subir o monte e a levar conosco, à presença de Jesus, aqueles que amamos e que se encontram enfermos (no corpo e/ou na alma), pois estejamos certos, Ele não os deixará descer sem que os tenha tocado. Levemos, então, ao Médico dos médicos as causas e as enfermidades que podem nos parecer impossíveis!

Por fim, ao olharmos para o monte também podemos vê-lo como o lugar de onde Jesus ensinava o seu povo (Mt 5, 1). Ali Jesus alimentava o povo, não com pão e peixe, mas sim com a Sua Palavra e assim os ensinava e exortava. Ele queria que O ouvissem falar das bem aventuranças, do reino dos céus, do amor do Pai e de Sua misericórdia e que aprendessem a pautar suas vidas com base nesses ensinamentos. Logo, se eu e você desejamos, verdadeiramente, aprender com o Mestre sobre as coisas do alto, para bem viver as daqui, não nos resta alternativa, é preciso subir!

A partir destas reflexões podemos constatar, portanto, que o monte configura-se para nós como um lugar de intimidade, um lugar onde podemos ser curados e levar outros a esta experiência de cura e, igualmente, o monte nos é sinônimo de escuta da Palavra para, em seguida, gerar em nós aprendizado.

Como vimos Jesus ia constantemente para o monte e, por muitas vezes, levou consigo Pedro, Tiago e João. Hoje, o Deus Altíssimo, deseja levar consigo seus novos amigos. Ele deseja levar a mim e a você. E, então, o que me diz? Subamos ao monte?

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Claudete de Freitas da Silva
Grupo de Oração Nossa Senhora de Fátima
Viçosa – MG

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