Antes da nossa leitura deste domingo rezemos: Sabemos Senhor que a tua palavra é luz para os nossos passos e sob a tua luz desejamos caminhar. Por isso te pedimos enviai o vosso Espírito e dai-nos clareza acerca do que deseja nos dizer através desta palavra. Fortalecei nossa decisão para que possamos optar sempre pela tua palavra. Uma vez que “só Tu Senhor tens palavras de vida eterna”
Novo tempo Litúrgico
ENTRAMOS NOI TEMPO PASCAL. JESUS RESSUCITOU, ALELUIA!
Após uma temporada especial de oração, jejum e esmola. Onde o cristão pode ser forjado por Deus e permitir ser criada uma nova criatura (cf. II Cor 5, 17), chega-se após a reflexão da paixão e a morte de Jesus ao ápice da nossa fé, ou seja, RESSURREIÇÃO. SIM JESUS RESSUCITOU. ALELUIA!
— Cantai cristãos, afinal:/ “Salve, ó vítima pascal!”/ Cordeiro inocente, o Cristo/ abriu-nos do Pai o aprisco.
— Por toda ovelha imolado,/ do mundo lava o pecado./ Duelam forte e mais forte:/ é a vida que enfrenta a morte.
— O rei da vida, cativo,/ é morto, mas reina vivo!/ Responde, pois, ó Maria:/ no teu caminho o que havia?
— “Vi Cristo ressuscitado,/ o túmulo abandonado./ Os anjos da cor do sol,/ dobrado ao chão o lençol…
— O Cristo, que leva aos céus,/ caminha à frente dos seus!”/ Ressuscitou de verdade./ Ó Rei, ó Cristo, piedade!
Evangelho de 12/04/09 – Jô 20, 1-9
— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor!
1. No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro.
2. Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!
3. Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro.
4. Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro.
5. Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou.
6. Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão.
7. Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte.
8. Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.
9. Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos.
– Palavra da Salvação.
– Glória a vós, Senhor.
PASCOA!
São Máximo de Turim, define a Páscoa como uma passagem “dos pecados à santidade, dos vícios à virtude, da velhice à juventude, que se entende não em idade, mas em simplicidade. Éramos de fato decadentes pela velhice dos pecados, mas pela ressurreição de Cristo fomos renovados na inocência das crianças” [1]
Maria Madalena
Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. Ao ler estas linhas nascem em mim algumas indagações: 1) Teria ela ido ao sepulcro também no sábado? 2) Por que tão cedo ? 3) Por que ela a primeira a ir ao sepulcro ? 4) Será que sabia de alguma coisa “confidencial”?
As respostas a estas indagações não podem ser mais importante do que realmente deseja o autor evidenciar, ou seja, quanto maior o pecado outrora perdoado, maior será o amor (cf. Lc 7,47). E este fato faz me perceber também a semelhança da minha vida com a de Maria Madalena, ou seja, também sou pecador, e como ainda o sou, assim como ela precisou da misericórdia de Jesus, eu também preciso. Assim como ELE a perdoou, assim também ELE o faz comigo, com você, com todos os que se arrependem dos pecados. Então até aqui se percebe que somos semelhantes à Maria Madalena, mas ao mesmo tempo em que se percebe a semelhança, também se percebe uma grande diferença.
As indagações perdem a relevância, diante do fato de que a narrativa deseja nos mostrar o quanto ela amava a Jesus, pela nova vida a ela doada, e neste ponto entendo que a nossa semelhança desaparece, pois ela usou de todos os artifícios/oportunidades para que, mesmo depois de morto mostrar a Jesus o seu amor por ELE. E eu? E você?
Maria Madalena foi logo cedo ao encontro de Jesus. E nós reservamos a ELE qual parte do nosso tempo? Vou a ELE logo pela manhã? Ou vou a ELE quando sobra tempo? Ou somente quando estou em apuros? Quando preciso de uma nota melhor para não ficar de exame final, ou algo assim? Na realidade universitária, nós temos tempo para muitas coisas: estudar ( e é nosso dever fazê-lo), para o lazer(festas, reuniões com amigos, esporte,…), tempo para visitar a família,… Mas qual tempo eu destaco para ir ao encontro de Jesus, como Maria Madalena nos ensina neste texto?
QUAL A IMPORTÂNCIA DE JESUS EM MINHA VIDA? PELOS ATOS DE MARIA MADALENA PERCEBE-SE A IMPORTÂNCIA DE JESUS NA VIDA DELA.
Correram a Pedro
Também pode se aprender muito com Maria Madalena e as mulheres que estavam com ela, pois assim que perceberam algo de diferente/errado foram correndo a Pedro e João narrar-lhes o fato e muitos dos nossos amigos na realidade universitária e no mundo do trabalho tem perdido a fé, ou sofrido ataques terríveis porque ao perceberem algo de errado, de diferente daqueles valores que aprendemos em casa, na nossa formação católica, não vamos a igreja, como aquelas mulheres o fizeram. Em nome da liberdade de expressão tem aparecido muitas mutações dos valores morais e religiosos no âmbito universitário principalmente. Urge que nossos grupos de oração universitários (GOUs) e nós, participantes, sejamos audazes, atrevidos, ousados, em externarmos a nossa fé, nossas convicções, pois assim aqueles que sofrem os ataques contra os valores cristãos possam se refugiar encontrem alguém que os ajude a encontrar o Cristo “desaparecido” de suas vidas, pela forma pagã de viver dominante no meio acadêmico.
Não sabemos onde o puseram
É lamentável a forma pela qual seguem alguns dos nossos irmãos, ou filhos,… em nossas comunidades religiosas na universidades. A desorientação quanto aos valores cristãos e morais é tamanha que nos deixa perplexos. E neste ponto desejo externar a minha alegria e também a alegria da igreja (manifestada através de nossos pastores- padres e bispos), por sermos uma opção de resgate destes valores na realidade universitária.
Muitos não sabem nada de Jesus e valores da igreja, absolutamente nada. E através das múltiplas atividades evangelizadoras, de acolhida, realizadas pelos nossos “Luquinhas” podem apontar um lugar onde esta Jesus e resgatar a vida de muitos jovens na realidade universitária. Muitos tem recebido através dos GOUs e suas atividades uma verdadeira redescoberta da sua fé e da sua missão no mundo como profissional do reino.
AMADOS FILHOS QUE ESTÃO NA TRINCHEIRA DA UNIVERSIDADE, ESTA BATALHA É ARDUA, DEMANDA CORAGEM E FORÇA, POR ISSO DESEJO ENCORAJÁ-LO A NÃO DESISTIR.
MESMO O ENFERMO DIGA: EU SOU GUERREIRO! (cf. Joel 4,10)
A Paixão e o Sudário
“Nenhuma representação artística da Paixão, porém, exerceu e exerce em todo tempo um fascínio comparável ao do Sudário. Não importa, de nosso ponto de vista, saber se o Sudário é «autêntico» ou não, se a imagem foi formada naturalmente ou artificialmente, se é somente um ícone ou também uma relíquia. O mais certo é que essa é a representação mais solene e mais sublime da morte que os olhos humanos contemplaram. Se um Deus pode morrer, este é o modo inadequado de representar sua morte.
As pálpebras abaixadas, os lábios juntos, os traços compostos do rosto: mais que um morto, tudo leva a pensar em um homem imerso em profunda e silenciosa meditação. Parece a tradução em imagem da antiga antífona do Sábado Santo: «Caro mea requiescet in spe», «minha carne repousa na paz». Também a antiga homilia sobre o Sábado Santo que se lê no Ofício das leituras adquire uma força particular lida diante do Sudário: «O que está acontecendo hoje? Grande silêncio e por isso solidão. Grande silêncio porque o Rei está dormindo…»[1]
A teologia diz-nos que à morte de Cristo sua alma separou-se do corpo como em todos homens que morrem, mas sua divindade permanece unida seja à alma, seja ao corpo. O Sudário é a mais perfeita representação deste mistério cristológico. Aquele corpo é separado da alma, mas não da divindade. Algo de divino alivia seu rosto martirizado, mas pleno de majestade do Cristo do Sudário.
Para se dar conta, basta comparar o Sudário com outras representações do Cristo morto feito pelas mãos de artistas humanos, por exemplo, o Cristo morto de Mantegna e mais ainda aquele de Holbein, o Jovem, no Museu de Basiléia, que representa o corpo de Cristo em toda a rigidez da morte e a incipiente decomposição dos membros. Diante desta imagem –dizia Dostoievski, que a tinha contemplado bastante em sua viagem– pode-se facilmente perder a fé[2]; diante do Sudário, ao contrário, pode-se encontrar a fé, ou reencontrá-la se foi perdida.
O rosto de Cristo do Sudário é como um limite, uma parede que separa dois mundos: o mundo dos homens pleno de agitação, de violência e de pecado e o mundo de Deus, inacessível ao mal. É uma praia sobre a qual quebram todas as ondas. Como se, em Cristo, Deus dissesse à força do mal isto que no livro de Jó diz ao oceano: «Até aqui chegarás e não passarás: aqui se quebrará a soberba de tuas vagas» (Jó 38, 11).
Diante do Sudário podemos rezar assim: «Senhor, fazei de mim o teu sudário. Quando deposto novamente da cruz, vinde em mim no sacramento de vosso corpo e de vosso sangue, que eu vos envolva com minha fé e o meu amor como em um sudário, de modo que os vossos contornos imprimam-se em minha alma e deixem também nela um traço indelével. Senhor, fazei do áspero e bruto tecido da minha humanidade o teu sudário!” [2]
Reflexão final
Entramos em um novo tempo litúrgico, a PASCOA, que nos convida a dizer com todas as nossas forças: JESUS RESSICITOU, ALELUIA!
Assim como Maria Madalena somos chamados a correr ao encontro do Senhor, anunciar que ELE não esta no túmulo, ao contrário que ELE VIVE!
Essa é a melhor noticia que pode ser dada a alguém. JESUS RESSUCITOU!
A missão de anunciarmos que algo esta desconforme aos valores cristãos assim como o fizeram as mulheres, dentre elas Maria Madalena é nossa. Levar isso a sério é uma forma de profetismo nos tempos moderno.
Da mesma forma, se nós pudermos ser uma resposta, um espelho, um modelo, um testemunho de onde está Jesus, muitos dos que estão perdidos procurando-O poderão ter em nós e nossas “comunidades eclesiais acadêmicas” um Oasis em meio ao deserto da caminhada acadêmica.
Devemos rezar com o pregador da casa pontifícia, “Senhor fazei de mim o teu sudário”. E ao rezarmos assim, com certeza será gerado em nós pela força do Espírito Santo um homem novo e as pessoas ao olharem para nós no âmbito universitário, ou no mundo do trabalho verão que de fato JESUS RESSUCITOU e dirão como João, viu e creu.
VEM ESPÍRITO SANTO, VEM!
[1] S. Massimo di Torino, Sermo de sancta Pascha, 54,1 (CC 23, p. 218).
[2] Frei Raniero Cantalamessa, OFM – Sermões da quaresma. 07/04/06