— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. 3Então Jesus contou-lhes esta parábola:
4Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 6e, chegando à casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’
7Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.
8E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? 9Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’
10Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”.
11E Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. 12O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles.
13Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade.
15Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. 16O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam.
17Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. 18Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer–lhe: Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’.
20Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos.
21O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’.
22Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. 24Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa.
25O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo.
27O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’.
28Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’.
31Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’.
– Palavra da Salvação.
– Glória a vós, Senhor.
A pedagogia do Cristo é sempre surpreendente e certeira. Com o evangelho de hoje Ele é insistente e conta 3 parábolas , para que não saiamos sem entender sua mensagem (claro que naquela época, Ele as direcionou aos fariseus e escribas, mas não podemos esquecer que a Palavra de Deus é viva e nos alcança hoje).
Desta vez, algo diferente me chamou a atenção. Jesus diz, em suas duas primeiras parábolas, que “haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão”. E eu pensei: quanta injustiça pelos 99 que estão todo dias lá… ouvem e seguem a voz do pastor, ou em outras palavras, que fazem suas peregrinações, que quase morrem para preparar uma Experiência de Oração, ou um encontro da diocese, que jejuam, rezam o rosário, lêem, meditam e partilham a Palavra de Deus com os irmãos paroquianos… a alegria do céu é nula para estes? Mas, na parábola seguinte, do filho pródigo, veio a resposta, quando o pai se dirigiu ao filho mais velho (que pelo jeito, pensava como eu) e lhe disse: Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. (Friso que no texto em Frances, achei mais forte a maneira como o pai se dirigiu ao filho – ‘Toi, mon enfant…’. ou seja, ‘Você, meu filhinho…’ – o carinho do pai também com o filho mais velho… ele trata seus filhos da mesma maneira). Está aí… não há nada de injusto, porque para os que estão todos os dias ao lado do bom pastor, ao lado do Senhor verdadeiro, de corpo e de coração, fazem parte da Sua alegria, bem como da Sua segurança, do Seu acolhimento, da Sua paz!!!
Só que temos dificuldade de entender isso e assim corremos o grande risco de sermos injustos, marginalizando, rotulando nossos irmãos como pecadores, como se fossemos melhores, só porque permanecemos na casa do pai… e bem sabemos, que não somos melhores nem em grau, gênero ou número.
Partilho o choque cultural que tenho vivido por aqui na França. Aprendo muitas coisas boas e participo de coisas que acredito me ajudam a crescer como pessoa, como profissional… enfim, farão bem para mim como pessoa. Mas, há também coisas, digamos bizarras que me assustam um pouco. Hoje, por exemplo, fui a uma peregrinação com a diocese: um grande encontro, para começar bem o ano (o ano escolar aqui começa agora, e da mesma forma as atividades da paróquia que estavam de férias devem recomeçar). Um momento magnífico, porque foi em um local dedicado a Nossa Senhora (Notre Dame de La Peinière – um local aberto com muito verde, uma capela linda, um local para palestras e um altar para missa campal) e especialmente porque o tema da diocese deste ano é “Para uma igreja sempre jovem”, por causa da Jornada Mundial da Juventude. Então havia muitos jovens, o que atualmente é raro por essas regiões aqui. Fui com uma senhora que é irmã consagrada, uma estudante que está a procura de fé e outra senhora que era nossa motorista. Mas, um fato mexeu muito comigo: quando chegamos fomos ver uma partilha de jovens que já tinha começado, mas foi possível ouvir alguns testemunhos! No final, um senhor chegou perto de nós e se dirigiu a senhora (nossa motorista) e a interpelou friamente, dizendo que a maneira como ela estava vestida não era própria para a ocasião e nem para o local onde ela estava (eu confesso, que como boa brasileira, achei que eles eram amigos e que ele estava brincando com ela… mas não!). Quem sou eu para julgar quem estava certo ou errado, mas o que me deixou triste foi que a maneira como ele falou, foi como se estivesse a mandando embora dali. E penso, que se aquela fosse a única chance que a senhora (ou mesmo nós que presenciamos a cena) tivesse dado ao Senhor para ter um encontro com Ele, talvez tivessemos perdido uma alma muito preciosa para Deus. Então, devemos cuidar para não perder as preciosidades do Senhor, para não julgar ou desprezá-las… e isso é possível, se estando junto do Pai, conhecermos sua vontade e amarmos como Ele.
Neste mês da Bíblia, mergulhemos na graça da Palavra de Deus!!!
“Se nós temos uma responsabilidade na Igreja, junto com outras pessoas, e queremos dar-lhes alguma coisa que tenha verdadeiramente substancia, é necessário que demos nossa vida transformada em Palavra de Deus” Chiara Lubich
Michele,
Gostei muito da reflexão! Realmente, a alegria do pai está igualmente presente tanto na perseverança do filho mais velho, como na vida nova do filho mais novo.
O que a parábola talvez ressalte é essa alegria especial de Deus quando a salvação realmente consegue chegar a todos! Deus não quer que nenhum se perca e, por isso, uma única alma que se volta para Ele lhe traz alegria imensa!
Abraços.