— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, Jesus disse aos fariseus: “19Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias.
20Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. 21Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas.
22Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado.
23Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado.
24Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’.
25Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. 26E, além disso, há um grande abismo entre nós; por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’.
27O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa do meu pai, 28porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham também eles para este lugar de tormento’.
29Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!’
30O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão, mas se um dos mortos for até eles, certamente vão se converter’.
31Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos’”.
– Palavra da Salvação.
– Glória a vós, Senhor.
O Evangelho deste domingo é um apelo à conversão, tanto para os ricos como os pobres, e denuncia a ordem injusta que faz o homem viver descompromissado com a realidade à sua volta, com o pensamento voltado apenas para o que lhe é de interesse pessoal e lhe proporcione prazer, bem estar e segurança.
Tudo o que o Senhor nos concede, sejam bens materiais, espirituais, relativos à instrução ou ao progresso de modo geral, eles tem por finalidade suprir às nossas necessidades e amparar os que tem menos, para que também não lhes falte o necessário para uma vida digna de filhos de Deus. Precisamos também estar conscientes de que ninguém tem tanto a ponto de não lhe faltar nada, e aquilo que nos falta e que é essencial para a nossa salvação está, muitas vezes, nas mãos do pobre que Deus coloca à nossa porta para ser ajudado por nós. Somos chamados à função de dispenseiros do céu, e não é por acaso que foi escrita a frase: ninguém é tão rico que de mais nada necessite, assim como ninguém é tão pobre que nada tenha para dar. Deus nos alerta hoje para a verdade muitas vezes negligenciada e até mesmo esquecida: não temos, neste mundo, cidade permanente, mas vamos em busca da futura (Heb 13,14), construída, não por mãos humanas, mas pelo próprio Deus, para abrigar seus eleitos por toda a eternidade.
Outra lição importante que tiramos deste Evangelho é com relação ao versículo 24: “Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a lingua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas”.
O nosso corpo se compõe de muitos membros, todos feitos para a glória de Deus. Quando um dos membros não cumpre a missão para a qual foi criado, todo o corpo sofre as consequências. Mais ainda, quando este membro é a lingua que, no dizer de São Tiago, é capaz de queimar o curso de nossas vidas quando inflamada pelo inferno, assim como uma chama, por menor que seja, é capaz de incendiar uma grande floresta (Tg 3, 5-6).
O que somos por dentro, demonstramos com o fruto dos nossos lábios – a boca fala do que o coração está cheio -, embora sejamos também capazes de louvar a Deus com nossa lingua e o termos bem longe do coração, quando não há coerência entre o que fazemos e o que proclamamos.
A salvação trazida por Jesus, presente na Igreja por meio do anúncio da Palavra, dos Sacramentos e do testemunho de vida dos seus profetas e santos, ficará, todavia, inoperante se não abrirmos o nosso coração para a verdade do Evangelho. Após fechada a porta desta existência, nada mais poderá ser feito, pois “está determinado que os homens morram uma só vez e logo em seguida vem o juízo” (Heb 9,27).
Façamos, pois, uma boa revisão de vida e busquemos a conversão, enquanto ainda temos tempo. O caminho já nos foi dado: “Este é o meu Filho muito amado: ouvi-o!” (Lc 9,35).