Evangelho segundo S. Marcos 9,30-37

— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo São Marcos.

Partindo dali, atravessaram a Galileia, e Jesus não queria que ninguém o soubesse,
porque ia instruindo os seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens que o hão-de matar; mas, três dias depois de ser morto, ressuscitará.»

Mas eles não entendiam esta linguagem e tinham receio de o interrogar.

Chegaram a Cafarnaúm e, quando estavam em casa, Jesus perguntou: «Que discutíeis pelo caminho?»

Ficaram em silêncio porque, no caminho, tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior.

Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos.»

E, tomando um menino, colocou-o no meio deles, abraçou-o e disse-lhes: «Quem receber um destes meninos em meu nome é a mim que recebe; e quem me receber, não me recebe a mim mas àquele que me enviou.»

— Palavra da salvação
— Glória a vós, Senhor!

Fazer-se pequeno

*Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

E impressionante a longa e árdua paciência que Jesus teve de empregar para formar seus doze apóstolos e torná-los aptos para serem os mensageiros que iam ser para implantar o Evangelho no mundo. Não só a notícia do Evangelho, mas sobretudo o seu espírito. Eles eram homens muito simples e rudes. E isso não era um mal, pois era o bom terreno da humildade, que oferecia a base para, se erguer o edifício da santidade. O pior era que tinham grosseiros ciúmes e ambições a respeito dos lugares que iriam ocupar no Reino que Jesus anunciava. Aliás desse Reino tinham idéias muito confusas. Um dia a mãe de João e Tiago pediu ao Mestre que Ihes desse um lugar de honra no seu reino, fazendo-os sentar um à sua direita e outro à sua esquerda. Traduzindo isso em termos de hoje, queria mais ou menos que um fosse o ministro da justiça e outro o ministro da economia.

Essas preocupações e discussões sobre lugar no reino aparecem muitas vezes entre eles. Até na última ceia aparece ainda o problema, quando Jesus Ihes dá uma belíssima lição doutrinal ( Lc 22, 25-27), acompanhada da sublime lição prática, que foi a de lavar-Ihes os pés: “Ele o Mestre e Senhor” (Jo 13,4-20). Pois bem, certa vez que Jesus atravessava a Galiléia, numa viagem muito discreta, já a caminho de Jerusalém, abriu-Ihes mais uma vez o coração para falar-lhes de sua paixão que se aproximava: “O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e lhe darão a morte, e, depois de morto, ressuscitará ao terceiro dia” (Mc 9, 31 ). Eles, porém, não queriam entender dessas coisas. E discutiam entre si pelo caminho. Quando chegaram a Cafarnaum, Jesus Ihes perguntou sobre que discutiam pelo caminho. Emudeceram diante da grandeza de Jesus. Como iria ter coragem de lhe declarar o assunto sobre o qual tinham discutido?

Jesus os toma à parte e Ihes dá uma rica lição de espírito de humildade e de serviço, que ilumina para sempre os caminhos dos seguidores do Evangelho: ” Aquele que quiser ser o primeiro, seja o último e o servidor de todos” (Mc 9, 35). E completou com um gesto simbólico – uma parábola em ação: Tomou uma criança, colocou-a no meio da roda, e disse: “Quem receber a um destes pequeninos em meu nome, é a mim que recebe; e quem recebe a mim, não é a mim que recebe, mas àquele que me enviou” (v v 36 e 37). E bom lembrar que, mesmo que não se tratasse de uma criança desvalida – o que não era improvável – no mundo de Israel não se dava nenhuma atenção às crianças. Estavam longe da atenção que em nosso século XX se dá a elas. Elas eram naquele tempo – como alguém comentou numa comparação muito caseira – pouco mais que a criação que crescia no quintal.

Aí está a filosofia do Evangelho. Não procurar os primeiros lugares, não alimentar a ambição do prestígio, do dinheiro, da fama, da dominação dos outros. E pôr-se a serviço de todos, sobretudo dos mais pequeninos. Bem diferente dessa sociedade em que vivemos mergulhados! Mal se encontra alguém que, ao escolher uma profissão, esteja pensando em servir à comunidade. A lei que impera é a ambição do dinheiro, dos cargos honrosos, do prestígio e do fazer carreira. Dificilmente se encontrará um político que, ao disputar eleições, tenha em mira o bem público, o serviço do país. O que se encontra é quase sempre o jogo das ambições em benefício pessoal. Donde nascem com freqüência as eleições maculadas pelo peso do dinheiro. Tudo isso está infinitamente longe do Evangelho!

É preciso olhar o exemplo de nosso divino Salvador, que fundou a Igreja com sua palavra e com seu sangue. Ele, que era Deus verdadeiro, não se apegou ciosamente a sua dignidade divina. Esvaziou-se de sua grandeza, e se fez servo, obediente até à morte. E pôde deixar para nós sua grande lição da noite da última ceia. Depois de lavar humildemente os pés a seus apóstolos, disse-Ihes: “Eu vos dei o exemplo, para que, assim como eu fiz, vós também façais” (Jo 13, 15). Mesmo fora do cristianismo, os que são sábios descobrem o valor do serviço. Como disse elegantemente o poeta hindu Tagore: “Dormi e sonhei que a vida era alegria. Acordei e vi que a vida era serviço. Servi’ e descobri que o serviço era alegria”.

Fonte: http://www.catolicanet.com/

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