Evangelho de 25/10/2009 – Mc 10, 35-45
— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João.
— Glória a vós, Senhor!
Chegaram a Jericó. Ao sair dali Jesus, seus discípulos e numerosa multidão, estava sentado à beira do caminho, mendigando, Bartimeu, que era cego, filho de Timeu.
Sabendo que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, em compaixão de mim!”
Muitos o repreendiam, para que se calasse, mas ele gritava ainda mais alto: “Filho de Davi, tem compaixão de mim!”
Jesus parou e disse: “Chamai-o” Chamaram o cego, dizendo-lhe: “Coragem! Levanta-te, ele te chama.”
Lançando fora a capa, o cego ergueu-se dum salto e foi ter com ele.
Jesus, tomando a palavra, perguntou-lhe: “Que queres que te faça? Rabôni, respondeu-lhe o cego, que eu veja!
Jesus disse-lhe: Vai, a tua fé te salvou.” No mesmo instante, ele recuperou a vista e foi seguindo Jesus pelo caminho.
Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho
[No Monte Sinai, Moisés disse ao Senhor: «Mostra-me a Tua glória». Deus respondeu-lhe: «Farei passar diante de ti toda a Minha bondade (…), mas tu não poderás ver a Minha face» (Ex 33, 18ss.).] Experimentar este desejo parece-me porvir de uma alma animada pelo amor à beleza essencial, uma alma a quem a esperança não pára de conduzir da beleza que já viu para aquela que está para além. […] Este pedido audacioso, que ultrapassa os limites do desejo, almeja pela beleza que está para além do espelho, do reflexo, para a ver face a face. A voz divina satisfaz o pedido, recusando-o simultaneamente […]: a magnanimidade de Deus concede-lhe a satisfação do desejo, mas, ao mesmo tempo, não lhe promete repouso nem saciedade. […] É nisto que consiste a verdadeira visão de Deus: aquele que para Ele eleva os olhos nunca mais cessa de O desejar. É por isso que Ele diz: «não poderás ver a Minha face». […]
O Senhor que tinha respondido a Moisés exprime-se da mesma forma aos Seus discípulos, clarificando o sentido desta simbologia. Ele diz «Se alguém quiser vir após Mim», (Lc 9, 23) e não: «Se alguém quiser ir à Minha frente». Ao que Lhe faz um pedido a respeito da vida eterna, propõe o mesmo: «Vem e segue-Me» (Lc 18, 22). Ora, aquele que segue caminha virado para as costas daquele que o guia. Portanto, o ensinamento que Moisés recebe sobre a maneira pela qual é possível ver a Deus é este: ver a Deus é segui-Lo para onde Ele conduzir. […]
Com efeito, aquele que não conhece o caminho não pode viajar em segurança se não seguir o guia. Este precede-o, mostrando-lhe o caminho; por isso, quem o segue não se desviará do caminho se se mantiver virado para as costas daquele que o conduz. Com efeito, se se deixar ir ao lado ou de frente para o guia tomará uma via diferente da indicada. Por isso, Deus diz àquele a quem conduz: «Não poderás ver a Minha face», o que significa: «não olhes de frente o teu guia», porque, se assim fizesses, correrias num sentido que Lhe é contrário. […] Como vês, é importante aprender a seguir a Deus: para aquele que assim O segue nenhuma contradição do mal se poderá opor ao seu caminhar.
Comentário ao Evangelho feito por São Gregório de Niza (c. 335-395), monge e bispo