Quando se percorre a História, logo se deparam homenagens a pessoas ilustres por motivo de sua excelência nos mais variados campos da atividade humana, como governantes beneméritos, cientistas argutos, pensadores profundos, educadores capazes, pedagogos admiráveis, mentores abalizados, pesquisadores criativos. É o que se pode intitular de culto cívico. Por outro lado, há pessoas que devem ser homenageadas pelos seus dons sobrenaturais, ou seja, pelos dons de graça, virtude e união profunda com a divindade, envoltos no esplendor de uma santidade existencial marcante. Trata-se então do culto religioso, dito de dulia, próprio dos servos de Deus. Como foi santíssima, cabe à Virgem Maria a veneração dita hiperdulia, por ser ela a cheia de graças. A Deus, Ser Supremo, se deve o culto de latria ou adoração. Só se adora a Deus, às criaturas humanas cabe uma veneração pelos seus méritos indiscutíveis. A Igreja desde os seus primórdios mostrou a importância das honras aos santos a começar da reverência aos mártires. Depois se estendeu este preito aos que confessavam o Evangelho por palavras e obras, isto é, os confessores. Surgiram santos em todos os lugares e de todas as condições sociais. Examinada com extremo rigor a vida dos que se distinguiram na prática do bem, encarnando na sua existência as bem-aventuranças evangélicas, diante de favores extraordinários obtidos por sua intercessão, milagres passados pelo crivo de cientistas nas diversas áreas, a Igreja proclama que aquele discípulo de Jesus já está na glória do céu e pode receber um culto público. Grande o poder de intercessão dos santos na presença de Deus. O Apocalipse, por exemplo, mostra o coro dos mártires orando pela Igreja em torno do Cordeiro (Ap 6,9). A maior prova desta atividade do bem-aventurado junto do trono divino são as graças que seus devotos obtêm, difundindo, depois, por toda parte a devoção aos mesmos. A intervenção do santo junto do Todo-Poderoso não consiste na de um advogado ou adulador que influenciaria a vontade soberana do Criador. Trata-se de uma homenagem que o próprio Senhor Onipotente quer lhes fazer devida sua fidelidade neste mundo, sendo o santo uma causa segunda para se obter os efeitos celestiais. Todas as graças advêm para os homens unicamente pelos méritos de Jesus Cristo. Graças a estes merecimentos, formidáveis as maravilhas operadas por Deus através dos santos, para incitar a todos a trilharem os caminhos da perfeição. É de se notar que a intermediação dos santos reforça as preces tão débeis dos orantes neste mundo. A caridade deles é mais viva. Do céu contemplam muito melhor as necessidades de cada um. São atentos a tudo que seus devotos precisam. Já seguros de sua imortalidade feliz, passam a se ocupar da salvação dos que os invocam. Além disto, eles se tornam modelos para os epígonos de Cristo. Levam a apreciar a prática de tudo que Jesus ensinou e fazem mais fácil a vereda que conduz ao maior grau de bondade ou valor a que pode alguém chegar. Impedem qualquer pretexto para não se aprimorar espiritualmente. Com efeito, há santos de todas as classes sociais, que demonstram ser possível o amadurecimento pessoal sob os ditames evangélicos. Eles foram também sujeitos a todo tipo de tentação, de sofrimento, de dificuldades e tudo venceram com a graça do Redentor. Eles mostram que a perfeição é uma obrigação de todo batizado, segundo a determinação de Jesus: “Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito” (Mt 45, 48). Todo aquele que está inserido em Cristo deve ser varão que atingiu a plenitude da idade do Mestre divino (Ef 4,13). Tal a vontade de Deus: todos sejam santos (1 Ts 4,3). Jesus fez no Sermão da Montanha uma síntese da vida do verdadeiro cristão. Esta se baseia na interioridade e se manifesta no amor. A vida sobrenatural, porém, supõe um progresso contínuo, sem tréguas numa cooperação e esforço para corresponder à graça que nunca é negada a quem procura os caminhos trilhados pelos santos.
Orem pelo meu genro Roderley. Amém