Neste tempo especial, que é a Quaresma, devemos aproveitar ao máximo para fazer uma renovação espiritual em nossa vida. E neste ano, a Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil [CNBB], por intermédio da Campanha da Fraternidade [CF], nos convida, de modo especial, para fazermos essa nossa renovação espiritual e, sobretudo, nos convertermos em relação ao nosso dinheiro.
E o que significa conversão? Quem dirige automóveis entende bem esse termo: quando se está no carro e vemos uma placa indicando que só podemos seguir à direita, precisamos fazer uma conversão à direita, ou seja, precisamos mudar de direção, tomar um outro caminho. E essa é a proposta desse tempo quaresmal. Isso é conversão. Mudarmos o caminho. Tomarmos a direção proposta pelo próprio Cristo. Pois Ele mesmo é o caminho, a verdade e a vida.
E especificamente, nesta Campanha da Fraternidade, que nos convertamos, que mudemos de direção em relação ao uso do nosso dinheiro. Que sigamos as propostas de Jesus em relação à nossa vida econômica. E se dermos uma olhada mais cuidadosa nos Evangelhos, perceberemos que Cristo muito nos ensinou sobre dinheiro, sobre economia e sempre, como nos convida o tema da CF: uma economia para favorecer a vida! Exemplo disso é o próprio lema da CF: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Versículo 24, retirado do capítulo 6 do Evangelho de São Mateus. Esse trecho é entendido como um alerta sobre os bens materiais nos tornarem escravos da riqueza e, assim, retirarem a nossa comunhão com Deus. Por isso, existe aí uma proibição em tentar conciliar o serviço a Deus e o serviço à riqueza, pois não é possível viver dividido.
Ao personificar as riquezas, o texto mostra que o gosto pelos bens materiais pode nos dominar. E que isso não pode acontecer, pois maior deve ser o compromisso com Deus, que direciona as ações da vida diária. E, assim, se aprende a não desejar o acúmulo, mas a utilizar de modo justo o dinheiro que se tem.
Conciliar o acúmulo e a fidelidade a Deus é impossível. São projetos distintos. E projeto aqui é entendido como aquilo que temos como direção e prioridade na vida. Ambos os projetos – de acúmulo de riqueza e de Reino dos Céus – são opostos, pois tanto um quanto o outro ocupam todas as dimensões da existência. E não se pode investir a vida em duas propostas distintas.
O Evangelho é taxativo: Não podeis servir a Deus e às riquezas (Mt 6,24). A vida centrada em Deus e a vida centrada no dinheiro têm dinâmicas muito distintas. Enquanto uma se preocupa com a solidariedade e a partilha, a outra se consome na ambição desenfreada e insaciável de acumular. O Evangelho alerta sobre esta tentação.
Escolhamos o caminho, que é Jesus. Ele nos garante que, se colocarmos o Seu Reino em primeiro lugar, a Providência Divina cuidará em tudo! Pois nos diz: “Buscai primeiro o Reino dos Céus e sua justiça que tudo o mais vos será dado em acréscimo” (Mt 6,33).