Sob a orientação do Cônego Antônio Mendes surgiram cursos bíblicos universitários que culminaram em movimentos como a Pastoral da Oração de Viçosa (Pov), dentro das diretrizes do Concílio Ecumênico Vaticano II, que deu origem a uma associação, a Apov, com sede na rua Joaquim Nogueira, 235, em Nova Viçosa, dirigida inicialmente por uma mulher sublime, que teve um coração nobre, e que por isso deixou uma obra notável. Personalidade sem igual, que alcandorou-se em santa, foi ela a professora Leda de Bittencourt Bandeira, nascida em Coimbra a 27/3/1936 e falecida a 2/1/2003, diga-se de passagem, no Dia de Santa Teresinha do Menino Jesus, de quem fora particular devota.
Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, a quem ela dedicou grande amizade e, além disso, um belíssimo hino, dentre os tantos que compôs em parceria com a musicista Maria Noêmia Ferreira Lopes, foi uma das presenças em seu velório, na Capela Mortuária do Hospital São João Batista. Sepultada no Cemitério Dom Viçoso, há quase seis anos portanto não contamos mais com a presença física da teóloga, poetisa, escritora e professora de História da Educação, que integrou os quadros da Academia de Letras de Viçosa e muito contribuiu para o enriquecimento da literatura religiosa e infantil.
Ela formou, fortaleceu e ampliou a Apov (Associação Assistencial e Promocional da Pastoral da Oração de Viçosa). Mas acreditamos, graças a Deus, em sua presença espiritual junto à entidade que, com o apoio de um grande voluntariado, a cada dia mais se desenvolve, fazendo germinar a Sementinha, produzindo saborosos frutos.
Cidadã honorária de Viçosa, ela criou e direcionou projetos que priorizam a infância em situação de risco pessoal e social. Ela e os voluntários buscaram em estagiários da Universidade e pessoas da comunidade viçosense, o subsídio financeiro e técnico, envolvendo-os no Centro Comunitário que depois recebeu o nome dela, em Nova Viçosa, e que atende a centenas de pessoas. Mais de duas dezenas de alunos da Escola Criança Feliz, no bairro de Nova Viçosa, foram parte integrante, por sua influência pessoal, da assistência educacional das freiras carmelitas. Ali, para os que assim o desejassem, houve, desde o início dos trabalhos, ensino gratuito assegurado até o Ensino Médio. Em Nova Viçosa, uma classe anexa do Ensino Fundamental, destinada a crianças carentes, em parceria com a Apov, foi considerada um fiel exemplo do trabalho proposto por Madre Maria das Neves, fundadora do Carmo.
O treinamento de lideranças, campeonatos esportivos, lazer, festas folclóricas, coral e violão, afoxé, teatro, dança, tricô, crochê, corte e costura; aulas de reforço do Ensino Fundamental e Médio, alfabetização de adultos em 3 turnos, formação cultural, moral e cívica; catequese e cursos bíblicos; treinamento de agentes de saúde e atendimento num mini-posto, encaminhamentos e visitas a enfermos em domicílio, prevenção às drogas; fabricação caseira de salgados, doces, quitandas e gelados para consumo e repasse, são alguns dos “talentos” que Leda e seus mais de 70 voluntários, seguindo as diretrizes do Cônego Mendes, compartilharam, nos últimos 25 anos, com os menos abastados de Nova Viçosa e Posses.
Cantina e bazar, aulas de computação, fotografia e filmagem são programas intensivos e bem administrados, realizados no salão social, e que melhoraram sobremaneira o nível de vida daquele bairro popular viçosense, surgido em 1977, ligado à Paróquia de Fátima, e que antes da Apov era praticamente desvalido.
Conheci Leda Bandeira na UFMG, de quem me tornei grande amiga.
Apenas hoje soube do seu falecimento e fiquei triste; no entanto sei que o corpo dela se foi mas seu espírito continua trazendo bençãos a todos nós.
Caro José Mário, por acaso encontrei seu texto sobre a minha querida tia e madrinha Leda Bandeira. Suas belas palavras bem ilustram o caráter forte, persistente e generoso daquela que a tantos ajudou e cujas ideias e feitos ainda repercutem na vida de muitos. Minhas sinceras homenagens. Milton Bandeira Neto.