São João deixou claro o seu intento ao escrever o Evangelho: “Jesus fez ainda, na presença dos discípulos, muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creais que Jesus é Cristo, o filho de Deus, e, acreditando, tenhais vida no meu nome” (20,30-31).
Empenhou-se então em alimentar a fé na pessoa de Jesus, pelo qual, unicamente, se obtém a salvação. Isto por ser Ele o Messias, o Filho do Eterno. Ele é o Redentor, mas, frisa São João, cumpre aceitá-lo, aderir a Ele, entregar-se a Ele. Trata-se de um engajamento total. Daí a vida unida a Cristo, a videira da qual o batizado é o ramo (15,1-8). O cristão é, de fato, outro Cristo.
João salienta as palavras do Salvador: “Quem permanece em mim e eu nele, produz muito fruto, porque, sem mim, nada podeis fazer” (15,5). Quem está com Ele vive na luz, está de posse da verdade, pois Jesus falou: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (8,31). Os sinais induzem à crença no poder soteriológico de Cristo. Donde o ato de fé de Marta: “Sim, Senhor, creio que és o Messias, o Filho de Deus que devia vir ao mundo” (11,27).
O epígono do Salvador participa de Sua vitória, pois o Mestre padeceu, triunfou gloriosamente e pôde afirmar categoricamente: “Eu sou a ressurreição e a vida. Todo aquele que crê em mim, mesmo se morrer viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá para sempre. (11,25).
O Espírito Santo que Cristo envia do Pai, “ele o Espírito da verdade” (16,13), é que conduz o crente à verdade completa. Ele, o Paráclito, é que leva o seguidor de Jesus a compreendê-lo plenamente.
O amor fraterno é amostra da fidelidade à fé e da presença do Espírito Santo. Eis por que João insiste tanto na caridade da qual resulta a unidade dos fiéis entre si e com Cristo, condição para a atuação do Espírito de Amor.
Especial realce dá João ao Batismo (3,1-21), enfatizando o que Jesus falou: “Se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no reino de Deus” (v. 5).
Todo o capítulo sexto é dedicado à Eucaristia, estando nesta parte o que Cristo asseverou: “O pão que vou dar é a minha carne, que eu ofereço para a vida do mundo (v. 51). A Penitência fulge nestas palavras do Salvador: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados; aqueles a quem retiverdes, serão retidos” (20,22-23).
A escatologia joanina tem uma peculiaridade, pois ele estende ao presente a realidade escatológica: “Este é o momento em que este mundo vai ser julgado. Este é o momento em que o príncipe deste mundo vai ser julgado” (12,31).
São João fixa, deste modo, verdades basilares que elevam o crente até o oceano infinito do amor que é o Deus, fonte de toda a santidade.
Este Evangelho é uma escola de profunda espiritualidade.