Encontrei-a assentada em um dos últimos lugares daquele amplo e majestoso espaço, envolto pelo enorme silêncio da primeira hora da tarde de um domingo. Era o interior da Igreja Matriz de Abre Campo. Estava aguardando a chegada de seu irmão. Eu era apenas um adolescente. Costumava chegar cedo para preparar o ambiente da adoração. A conversa com ela foi extremamente agradável. Sou irmã do padre. Freira, Natalina. Ah! Sim, ele sempre fala com muito carinho a seu respeito. Nascia ali uma amizade cheia de ternura e apreço.
Aquela figura tão simpática, com traços de nobreza, vestida de modo tão modesto e digno ao mesmo tempo, despertou-me admiração. Já conhecia sua bela história. Com seu rosto portando um olhar e um sorriso de quem se orgulha do que narra, o inesquecível Monsenhor Geraldo contava com emoção sobre Irmã Natalina. Conhecê-la tornou-se uma honra que me alegrou a alma.
Filha de Rita Galvão Val e José Braz da Costa Val, nasceu aos 18 de dezembro de 1910, em Viçosa e faleceu a 24 de abril deste ano de seu centenário. Suas irmãs, Maria da Conceição, Luzia, Stellla e Theresinha, tiveram a alegria de ter um padre e três religiosas em sua casa: duas Carmelitas, ela e a Irmã Ignez e uma Vicentina, Irmã Maria de Lourdes.
Quando era Postulante, sua mãe faleceu. Seu pai foi buscá-la para ajudar na formação e cuidado dos irmãos. Irmã Ignez estava apenas com dois anos. Depois que a Irmã Ignez já estava na Congregação e seu pai faleceu, Irmã Natalina regressou logo para o Convento.
Honrar sua memória hoje passa pela recordação da rica história do carisma que a encantou. Voltemos, então, ao final do século XIX. Era 1899, ocasião em que no Rio de Janeiro, mais precisamente no coração de Rita de Cássia Aguiar, abrigava um sonho que, regado com a paciência dos que crêem, foi se traduzindo em realidade. Como gaivota, o ideal da agora Madre Maria das Neves alçou vôos tão altos que conseguiu pousar não só na capital fluminense, mas em outros lugares próximos e distantes, surgindo assim a Congregação das Irmãs Carmelitas da Divina Providência. Como um pássaro que busca as alturas, Irmã Natalina aninhou seus sonhos no carisma do Monte Carmelo.
Seu nome civil era: Maria da Conceição Costa Val, tendo recebido o nome religioso de Maria Natalina da Encarnação. Fez sua Primeira Profissão no dia 16 de agosto de 1942. Na vida religiosa consagrada, gostava muito da pastoral educativa nas escolas e trabalhou em várias casas da Congregação, entregando sem reservas a sua vida a serviço dos irmãos, fazendo do dom absoluto de sua vida UM SÉCULO DE DOAÇÃO.
Irmã Natalina! Conheci através da Irmã Ignês da Costa Val. Minha educadora! A irmã Ignês me me recebeu no Colégio Maria Mattos em Anchieta ES, onde me adotou como filha! Depois ela foi transferida para Caratinga e levou_me, possibilitando assim meu ensino Médio. Tive uma ótima educação através da Irmã Inês! Formei como professora, passando no vestibular sem cursinho. Hoje pós graduada em Pedagogia, tenho muito admiração por ela e e demais Congregação das Irmãs Carmelitas da Divina Providência. Minha gratidão a toda família COSTA VAL!